segunda-feira, 25 de julho de 2016

FILA DAS LAMENTAÇÕES


Por Carlos Delano Rebouças

Filas imensas que vão além dos limites físicos da instituição, dobrando quarteirões, com trabalhadores cansados, exauridos de tanto tentar, há dias, o seu retorno ao trabalho ou a garantia de um direito trabalhista. Essa é a realidade de quem recorre aos diversos serviços do Sistema Nacional de Emprego (SINE), nos poucos postos de atendimento espalhados em nosso país de crise, que a cada dia tem uma população de desempregados aumentada, sem expectativas de dias melhores.

Como impressiona a quantidade de profissionais que formam essas longas filas; como impressiona seus relatos. Pessoas que jamais deram entrada no seguro-desemprego, sem sequer saber de suas antigas e novas exigências para a garantia do direito, parecem perplexa com uma situação nova em suas vidas: o desemprego.

“Como pode acontecer isso comigo, um profissional tão preparado, competente e antigo na instituição?” ou “E agora, o que fazer, com essa idade, quem irá me dar uma nova oportunidade?”. De fato, são somente alguns de tantos outros desabafos ouvidos numa fila de lamentações.

Parando para analisar o nível do brasileiro desempregado no atual cenário do País, o que também chama a atenção é o perfil de quem está buscando o direito do seguro-desemprego. Muitos são aqueles que ocupavam funções expressivas nas suas antigas empresas, cujas exigências principais para o seu exercício era o nível de instrução e experiência, os quais elevavam o status do profissional. Este perfil de colaborador sequer dava entrada em seguro-desemprego com tanta ênfase quantitativa, pois sabia que logo seria recolocado, por ser disputado no mercado, e por saber, também, que o valor das parcelas ficava bem distante de sua realidade financeira. Contudo, parece que hoje as coisas não funcionam tão bem assim, ou seja, a fila das lamentações do SINE parece bem democrática.

Democracia total, quando se observa pessoas que aguardam a sua vez de atendimento para ter a sua documentação conferida. Inevitavelmente se entende que o desemprego atinge a todos, sem distinção. É a busca de direitos trabalhistas que cada vez mais correm riscos de extinção, ao mesmo tempo em que se alimenta o sonho de retornar ao mercado de trabalho, embora não signifique ser do mesmo patamar do anterior.  Lamentações à parte, o desejo maior é a recolocação.

E quando isso vai mudar? Quando essas filas deixarão de ser tão extensas? Quando o trabalhador deixará de lamentar as suas desilusões? Quando voltaremos a ter um país com mais oportunidades?


Difícil responder.

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