Por Carlos Delano Rebouças
Filas imensas que vão além
dos limites físicos da instituição, dobrando quarteirões, com trabalhadores
cansados, exauridos de tanto tentar, há dias, o seu retorno ao trabalho ou a
garantia de um direito trabalhista. Essa é a realidade de quem recorre aos
diversos serviços do Sistema Nacional de Emprego (SINE-IDT), nos poucos postos
de atendimento espalhados em nosso país de crise, que a cada dia tem uma população
de desempregados aumentada, sem expectativas de dias melhores.
Como impressiona a
quantidade de profissionais que formam essas longas filas; como impressiona
seus relatos. Pessoas que jamais deram entrada no seguro-desemprego, sem sequer
saber de suas antigas e novas exigências para a garantia do direito, parecem
perplexa com uma situação nova em suas vidas: o desemprego.
“Como pode acontecer isso
comigo, um profissional tão preparado, competente e antigo na instituição?” ou “E
agora, o que fazer, com essa idade, quem irá me dar uma nova oportunidade?”. De
fato, são somente alguns de tantos outros desabafos ouvidos numa fila de
lamentações.
Parando para analisar o
nível do brasileiro desempregado no atual cenário do País, o que também chama a
atenção é o perfil de quem está buscando o direito do seguro-desemprego. Muitos
são aqueles que ocupavam funções expressivas nas suas antigas empresas, cujas
exigências principais para o seu exercício era o nível de instrução e
experiência, os quais elevavam o status do profissional. Este perfil de
colaborador sequer dava entrada em seguro-desemprego com tanta ênfase
quantitativa, pois sabia que logo seria recolocado, por ser disputado no
mercado, e por saber, também, que o valor das parcelas ficava bem distante de
sua realidade financeira. Contudo, parece que hoje as coisas não funcionam tão
bem assim, ou seja, a fila das lamentações do SINE-IDT parece bem democrática.
Democracia total, quando se observa
pessoas que aguardam a sua vez de atendimento para ter a sua documentação
conferida. Inevitavelmente se entende que o desemprego atinge a todos, sem
distinção. É a busca de direitos trabalhistas que cada vez mais correm riscos
de extinção, ao mesmo tempo em que se alimenta o sonho de retornar ao mercado
de trabalho, embora não signifique ser do mesmo patamar do anterior. Lamentações à parte, o desejo maior é a
recolocação.
E quando isso vai mudar? Quando
essas filas deixarão de ser tão extensas? Quando o trabalhador deixará de
lamentar as suas desilusões? Quando voltaremos a ter um país com mais
oportunidades?
Difícil responder.
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