Autor: Carlos Delano Rebouças
Andando
pelas ruas das grandes cidades, principalmente das capitais brasileiras, é
comum se ver moradores de rua, pessoas que um dia tiveram um lar, e hoje,
adotam como teto marquises de lojas, e cama, calçadas cobertas por papelões.
A
família foi deixada para trás, diante de uma escolha ou imposição, onde um
desconforto causado por desentendimentos, muitas vezes levados pela droga,
álcool ou uma desilusão amorosa, permite se tomar uma decisão: escolher a rua
como uma nova casa.
Alguns
ainda conseguem manter uma relação com familiares, fazendo visitas esporádicas,
resistindo aos pedidos para ficar, retornar, contudo, a rua e seus argumentos
são mais fortes, e vencem essa queda de braço. A família mais uma vez é a
derrotada nesta batalha, mas precisa entender que não pode perder essa guerra
para o mundo.
Motivo
para sorrir sempre têm os moradores de rua. Justifica-se pela liberdade
adquirida, contato direto com a natureza, amizades feitas, e acesso a muita
coisa que não tinham na vida que possuíra. Sempre procuram estampar um sorriso
no rosto, mesmo que não reflita uma felicidade absoluta, ou uma verdade, enganando-se,
quem sabe, mas que na realidade não resta outra possibilidade.
Será
que diante de tantas dificuldades que sabemos identificar e imaginar, sorrir
não acaba sendo um refúgio?
Quem
já teve a oportunidade de conviver ou conhecer a vida de um morador de rua sabe
como é difícil a sua realidade. Alimentar-se e higienizar-se adequadamente,
conforta-se ao dormir e ter segurança, ter o seu espaço e ser respeitado, são
condições que não mais fazem parte de suas vidas, que se perderam num passado
não tão distante, às vezes, e que para resgatá-las como rotina, novamente,
precisa-se urgentemente de uma mudança, de uma completa transformação, e quem
sabe, de uma ajuda.
Alguém
tem dúvida que são merecedores de dignidade e aptos a apresentar um sorriso
verdadeiro?
Que
sorriam sempre, moradores de rua. Que tenham sempre a alegria estampada em seus
rostos. Mas acreditem que escolhas são escolhas, desde que prevaleça a
sensatez, e que entendam que se deixaram alguém para trás, podem estar sendo
injustos, pois enquanto sorriem, eles podem estar derramando lágrimas.
Que
ninguém pense que se trata de uma tarefa fácil - esta de enxergar condições
para reverter tais situações criadas - mas que na verdade, é vista como de
extrema dificuldade, porém, cabível a qualquer cidadão, desde que se tenha
sensibilidade e empatia.
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