sexta-feira, 12 de setembro de 2014

AMOR DE CÃO



Por Carlos Delano Rebouças

Que cãozinho lindinho, peludo e fofinho! Pena que crescendo vai mudar, e às vezes, torna-se tão feio, que não dar mais vontade de ficar com ele. Não gosto de criar cachorro por causa disso. Seria tão bom se não crescessem, não é?

Sabemos que muita gente pensa assim, mas tenho um amigo que diz que quem ama animais são pessoas de grande coração, dignas de serem vistas como diferenciadas nos tempos modernos. O mundo está tão carente de pessoas assim, que dedicam sua atenção, seu amor, seu carinho a seres, aos quais, não têm muito a oferecer. Mas o que se espera receber dos cães?

Que pena que no mundo, infelizmente, pessoas defendem a tese que a beleza só pode ser percebida na infância e na juventude, e que quando crescidos, torna-se feios, aos olhos modernos que só enxerga a estética, logo sendo preteridos, e com este pensamento, estendem-se aos humanos, com os mesmo critérios que avaliam os cães, coitados.

Um dia vi num telejornal uma matéria encantadora, em que um anônimo muito bem sucedido destinava parte do seu tempo e dinheiro, no cuidado de cães e gatos. Gastos mensais em torno de 30 mil reais, direcionados a uma maior qualidade de vida àquelas criaturas, abandonas, na sua maioria, nas ruas da sua cidade, mas recolhidas e acolhidas em uma excelente estrutura, com muito amor e atenção. Não há como negar que se trata de uma atitude bonita, louvável e digna de reconhecimento e aplausos, não acham?

Certamente alguém pode dizer: Por que não se dedica a ajudar pessoas, crianças ou idosos, carentes, abandonados, em vez de ajudar animais?

Nesta vida tudo tem um propósito. Deus é muito maravilhoso com todos nós. Os animais também são merecedores de atenção, amor, carinho e compaixão. Eles, os cães, nos alegram e fazem do nosso dia a dia, de nossa rotina, ser bastante diferente.  São amigos, fiéis e leais, Ensinam a todos nós, sempre. Podem ser a companhia certa e agradável, que nem sempre, encontra-se nos semelhantes.

Vicente, outro grande amigo que tenho, afirma que o cão só é amigo do homem por não conhece dinheiro. Obviamente ri muito quando o ouvi pela primeira vez defender esta tese, e confesso que fiquei a analisar sua colocação. Depois, refleti sobre como dinheiro poderia corromper o melhor amigo do homem, levando a traí-lo, a enganá-lo, a postar-se indigno de sua amizade e confiança. Mas não é este mesmo dinheiro que transformou o homem? A diferença é que somos racionais, mas não agimos como tal. Estamos perdendo feio para os brutos, não acham?

 Mas quero deixar claro que Vicente adora cães e não é abastardo financeiramente, ao ponto de atrair as atenções de seu cãozinho.

Os cães como os humanos, e qualquer outra criatura, nascem, crescem e envelhecem, confirmando o ciclo natural da vida. A infância é bonita; a juventude é bela; mas a velhice é muito mais linda ainda. Não descartemos e deixemo-nos descartar diante dos efeitos do tempo. Inevitavelmente os efeitos do tempo chegam para todos, não somente para seu belo cãozinho, peludo e fofinho, que mudou com o passar do tempo, que deixou de correr e de brincar, e que agora, vive mais a dormir, a descansar. Seus pelos ficaram menos volumosos, e esbranquiçados. Suas patinhas mais sequinhas, e alguns deles, até banguelas. Alguma semelhança com você?

Olhe-se no espelho e se veja: Não é mais o mesmo de anos passados. Se além das rugas e dos cabelos brancos surgidos, perdesse o amor de seus entes, próximos, como seria a sua vida? E se fosse descartado num asilo, abandonado, esquecido em um lugar qualquer, como se sentiria?

Certamente muitos sentimentos tomariam conta de seu coração, como a raiva e o rancor, decorrentes da incompreensão relacionada a toda ingratidão demonstrada. Jamais esperaria isso deles, não é? Poderia até jamais perdoar, levando tudo isso, consigo, no caixão, eternamente.

Mas o amor de cão é verdadeiro, autêntico e intransferível. Caso maltrate um cão num momento, e em seguida estalar os dedos em sua direção, certamente seria respondido, com festa, vendo sua alegria confirmada com o abanar de sua cauda.

Amigos, como é bom conviver com os brutos! Como são surpreendentes os animais! Os cães são maravilhosos e nos ensinam muito. Tornamo-nos melhores, mais amáveis e porque não, mais humanos. Obrigado, por este, sempre, amor incondicional.






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