domingo, 14 de setembro de 2014

ESCASSEZ DE SENSIBILIDADE


Autor: Carlos Delano Rebouças

A cada dia, percebe-se que o homem avança cada vez mais na individualização de seus desejos e sentimentos, mergulhando num profundo egoísmo, que resulta em atitudes extremamente reprováveis.
Comover-se com os sofrimentos alheios, penalizar-se com as angústias de terceiros e demonstrar sentimentos verdadeiros são atitudes que vêm se perdendo com o tempo, ou até mesmo, postas em dúvida, ao longo da história da humanidade. O homem demonstra cada vez mais que uma razão, questionável quanto às atitudes, prevalece, em vez da emoção, sensata, pura e verdadeira, e aliada a uma razão, centrada, que significa o verdadeiro sentimento, nutrido no coração. Age muitas vezes impensadamente, dizendo-se ciente das consequências, mas que na verdade, troca os pés pelas mãos, e até desconhece valores humanos, levando-lhe a desvalorizar a dor do semelhante.
É assim nas guerras, onde vidas são destruídas pelo interesse de quem se diz líder de uma nação; assim também nas guerrilhas urbanas, da sociedade, desrespeitando-se o semelhante e esquecendo qualquer valor ou vínculo existente, passando como um rolo compressor, por cima de tudo e de todos. 
Que humanidade é esta que se diz evoluída e demonstra estar tão estagnada quanto a sua sensibilidade?
De fato, a humanidade evoluiu muito, em muitos aspectos, por via de interesses pessoais, absolutamente alheios aos interesses gerais.
Desenvolveram-se armamentos de fogo e atômico, poderosos, todavia, desvalorizou-se a palavra; desenvolveram-se a medicina e a engenharia, e ainda não foi desenvolvida a cura de muitas doenças; o mundo foi transformado pelo homem, e hoje o destrói; e grandes nomes da arte e da educação surgiram para o mundo, e hoje nem tanto. Parecem irônicos os caminhos seguidos pela humanidade, porém, muito mais controversos, diante da insensível capacidade de conduzir as ações.
A notória falta de sensibilidade do homem faz com que não tenha uma aproximação com as pessoas e um estreitamento das relações sociais, a qual permita um envolvimento maior, para um salutar exercício de suas habilidades sensoriais. Impede o surgimento ou ressurgimento de um homem verdadeiro, puro, feito de razão e emoção, e pronto para estender sua mão a quem precisar.
Mas como exercitar a sensibilidade, hoje, num planeta que cada vez mais nos torna individualistas?

Precisa-se, inicialmente, identificar aqueles que ainda mantêm boas características humanas, porém, estando todos, conscientes que são salutares, para em seguida, aliar-se aos seus propósitos e crenças. Em seguida, assumir-se como elemento multiplicador do bem e objetivar contribuir para um mundo cada vez melhor, a partir de nossas atitudes, sem em nenhum momento pensar em se corromper, diante dos interesses de uma maioria, que luta e reluta em tornar o mundo pior.

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