COMO SE ALIASSEM JUDEUS E PALESTINOS
Autor: Professor Carlos Delano Rebouças
Entender
o funcionamento da política em nosso país passou de uma tarefa difícil para os
mais esclarecidos, de quase impossível, para os menos politizados. Ninguém mais
sabe e nem consegue justificar as atitudes tomadas.
Do
princípio que partido político significa um grupo organizado, legalmente estabelecido,
com base em formas voluntárias de participação numa associação orientada para
influenciar ou ocupar um espaço na sociedade, e na defesa de interesses,
através de doutrinas elencadas e compartilhadas entre seus correligionários,
entende-se que determinas alianças políticas no Brasil, tornaram-se
extremamente difíceis de engolir.
Essas alianças sempre existiram na política
brasileira, embora ultimamente, mais precisamente nas duas últimas décadas, apresentam-se
de forma mais escancaradas e porque não, descaradas. Geralmente aconteciam
entre partidos que tinham certa semelhança doutrinária, agora, nos recentes pleitos,
isso não mais vem acontecendo, fazendo-nos testemunhar a confirmação de
determinadas alianças entre partidos teoricamente opostos nas suas concepções
políticas, doutrinárias, numa real ratificação de interesses comuns, bem
diferente de suas defesas partidárias.
São atitudes que resultam, para os mais
esclarecidos politicamente, numa situação de perplexidade, diante do
entendimento que no Brasil, a política não tem identidade e nem escrúpulo, e
sim, falta de vergonha. Seria como aliar Judeus e Palestinos num mesmo
interesse, que contrariasse suas teses, defendidas há tanto tempo, e vistas
como sagradas para seus defensores.
Esquerda e direita, e situação e oposição num
mesmo palanque, hoje, no Brasil, é comum. Inimigos se unem na mesma foto e pelo
único objetivo, mesmo que seja somente numa esfera do puder. Quem apoia
candidatos do seu partido em nível nacional, por exemplo, apoia adversários em
nível estadual, e vice-versa, entende? Não? Confuso, não é? Assim está sendo a
política no Brasil.
Fato é que tudo isso vem acontecendo,
descaradamente, diante da aceitação total por parte do brasileiro, eleitor,
pela sua ignorância, pelo seu desconhecimento, e seu despreparo. Na realidade,
o político brasileiro não mais tem dúvida alguma que o Brasil é um ótimo país,
e fácil, para fazer política. Seus vários investimentos para este fim são
notórios, principalmente na educação, que redunda em eleitores mais vulneráveis
às suas investidas, alvos fáceis de suas falácias, retoricamente trabalhadas.
E o que resta-nos, brasileiros eleitores? Lutar
contra tudo isso, como? Aceitar essa realidade? Digerir como estratégias
normais da política? Não sei, mas prefiro enxergar suas alianças bem mais que
devaneios, como uma afronta a minha inteligência. Não posso e não podemos
aceitar tudo isso tão facilmente, e autodeclararmos insanos e idiotas. Devem
respeito à sociedade e àqueles que lhe dão ouvidos, sempre, nas mais diversas
convenções partidárias realizadas neste país.
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