COMO COLOCAR DOCE EM BOCA DE CRIANÇA
Autor: Carlos Delano Rebouças
Outubro
se aproxima e mais um pleito acontece no Brasil. Eleições nas esferas estadual
e federal, para o legislativo e executivo, tomam conta de um país carente de
tantas coisas.
Após
o fracasso da seleção brasileira na copa do mundo, em junho/julho, o povo
brasileiro engatilha de imediato outro grande evento em seu país, que são as eleições
para presidente, governador, senadores e deputados estaduais, distrital e
federal. Eventos que mexem e sempre mexeram com a cabeça do brasileiro, nos
mais diferentes interesses.
A
copa do mundo, em especial, esta última realizada em nosso país, proporcionou
ao brasileiro a criação de uma expectativa muito grande pela conquista de um
novo título de campeão. Muito dinheiro foi gasto na construção de arenas,
melhoramentos em infraestrutura para melhor atender estrangeiros que aqui
viriam e vieram, e na carona de tudo isso, os brasileiros pegaram um pouco de
tudo, gerando um sentimento de conquista, alegrando seus corações, arrancando
um sorriso de seus rostos, como se fossem crianças presenteadas com um doce.
Na
política não é bem diferente, principalmente no período de eleições. Muito
dinheiro é gasto em prol de candidaturas e na expectativa que seus postulantes
sejam eleitos. Certamente não há dúvida alguma que grande parte deste dinheiro
gasto vem dos cofres públicos, e a outra parte, de investimentos feitos por
quem investe, dizendo apoiar candidatos que certamente, também, dar-lhe-ão o
retorno esperado, no momento e na medida certa. Assim funciona a política.
E
o povo brasileiro, como fica e se posiciona nesse jogo de interesses?
Nas
copas do mundo, como torcedores que compram, gastam, torcem, choram, alegram-se
e contentam-se com um gol, uma vitória ou quem sabe, com uma conquista. Põem a
mídia para funcionar e pronto! O Brasileiro já foi fisgado pelos sentimentos.
Na
política, gastam-se com camisas, bonés, dentaduras, óculos de grau, uma
refeição que seja, ou até uns trocados qualquer. Até uma boa apresentação e um falso sorriso
no rosto, seguido de um aperto de mão, para muitos, já é o suficiente para
conquistar um voto. Depois, os eleitores saem dizendo que são seus amigos, e
eleitos, somem, desaparecem, e passam longos quatro anos distantes, cuidando
dos próprios interesses, que não são mais aqueles apresentados em campanha.
Fazer
política no Brasil para quem tem dinheiro é muito fácil. É como conquistar a
confiança de drogados oferecendo-lhes drogas; é como conquistar amigos em mesa
de bar, pagando bebidas; e é, também, como conquistar o sorriso de uma criança,
dando-lhe doces e balas, adoçando suas vidas, muitas vezes tão amargas, diante
de tantas dificuldades.
Será
que somos de fato tão fáceis de ser enganados, levados, e que uma feijoada, um
litro de cachaça, uma camisa ou uma dentadura são suficientes para conquistar o
nosso voto? Pode até que seja sim, e não venhamos dizer que são artifícios
usados somente por políticos.
Fazemos
isso sempre. Seja com nossos filhos, para conseguir alguma coisa; seja para se
conseguir uma consulta médica, pois agradando se consegue; e seja também, para
parecer amigo, e pintar de gente boa, perante a sociedade. Assim somos nós,
brasileiros, corruptos nas mais insignificantes e diferentes situações, e que
não venham dizer que a carapuça não lhe cai bem.
Mas
tudo isso pode e precisa mudar. E será que interessa mudar ou se faz algum
esforço para isso? Será que já não se tornou uma condição comportamental, que
não mais se identifica como desaprovada? Ou falta-nos o bom senso de
identificar e aceitar que é uma mazela a ser combatida, e precisamos
urgentemente reverter esta situação?
Fica
difícil encontrar respostas, e enquanto isso, continuemos a praticar os mesmos
erros, a perpetuá-los pelas gerações, e a engrossar, mesmo conscientes, essa
imensa fila de ludibriados, como crianças conquistadas com um doce.
Nenhum comentário:
Postar um comentário