Por Carlos Delano Rebouças
Quando
me perguntam o porquê de usar parte de meu tempo diário com a produção de
textos, sobram-me justificativas convincentes, que se tornam ainda menores que
o prazer de sentir-me realizado.
Sentar-se
a uma mesa, com um lápis ou uma esferográfica à mão, ou com um teclado de um
computador à frente, com o intuito de escrever alguma coisa, algo que se enxerga
pertinente para uma leitura, representa ser muito mais prazeroso, quando passa
a ser visto como um valioso presente que se dá aos seus leitores.
Quando
escrevemos, procuramos repassar nas entrelinhas aquilo que pensamos,
idealizamos e acreditamos no resguardo de uma tese, com argumentos suficientes
para a sua devida defesa. Escrever pode ser visto como a etapa final de um
processo, todavia, retocável, de algo que fora iniciado na nossa mente,
influenciado pelo mundo, através de todos os sentidos que humanamente são
capazes de se utilizar, e, se houver limitações, que o poder da superação
prevaleça e supra a necessidade existente.
A
visão é um desses sentidos. Com ela, exercitamos mais facilmente a leitura e
adquirimos conhecimentos. Mas para fazer uma leitura perfeita, não
necessariamente se precisa somente da visão, ou seja, podemos realizá-la até
mesmo sem este valioso sentido, com o uso dos demais, temperados pelo
sentimento, pelo amor, e pela vontade de aprender. Fazer uma leitura,
semanticamente, é muito mais que decodificar; é fazer enxergar o que a forma, a
luz e as cores não permitem. A leitura é feita pela alma.
Quando
sabemos ler de verdade e quando enxergamos a vida e o mundo como são realmente,
tornamo-nos capazes e ficamos à vontade de externar o que pensamos deles.
Passamos a nos sentir e nos comportar como elementos multiplicadores, sedentos
pela vontade de se expressar, na busca por uma aproximação com o mundo e com as
pessoas, e ainda mais, de sentir-se útil para a sociedade. Começa a nascer um
ser social, responsável pelas mudanças do mundo.
A
leitura e a escrita geralmente caminham juntas, contudo, mesmo separando-se,
pela decisão e vontade de quem as exercitam, inevitavelmente voltarão a se
relacionar, pois ninguém consegue escrever, por exemplo, sem que faça uma
leitura do que está produzindo. Ninguém consegue ler, sem escrever o que pensa,
mesmo que mentalmente, sem o uso de instrumentos e recursos adequados.
Separar
a leitura da escrita é não compreender que se trata de uma relação extremamente
importante para o processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. Sabemos da
importância que ambas têm para a sociedade e se podemos colaborar para com seu
engrandecimento, que tornemo-nos ainda mais escritores, responsáveis, pelas
transformações humanas.
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