Por Professor Carlos Delano Rebouças
Não
sei o que acontece comigo, pois nada me interesse saber, conhecer e descobrir.
Tudo me leva a permanecer no óbvio, simplesmente, e em tudo que a mim chega de
forma fácil, aliás, que somente chega.
Não
desgrudo do meu celular; não canso de falar com meus amigos nas redes sociais,
mas na verdade, será que são de fato meus amigos? Às vezes tenho dúvidas sim,
até mesmo, se tenho amigos, e se de verdade, sou eu um deles.
Os
meus professores falam de tantas coisas que desconheço. Novidades que cada vez
menos tenho consciência que são importantes, até mesmo porque meus colegas de
sala estão desinteressados tanto quanto eu. Ah, de que vale tudo isso? A vida é para se
viver.
Por
que não leio um livro, aliás, detesto qualquer tipo de leitura. Prefiro imagens
e vídeos, principalmente da Internet. Quando vejo postagens no meu Facebook de
textos, nem olho. Não vou perder tempo com isso. Tem coisa muita mais interessante
para ver na net do que artigos e crônicas publicadas e ainda tem gente que
insiste com essas coisas.
Meus
pais já desistiram de mim. Cansaram de chamar a minha atenção. Faz tempo que
não escuto: Vai estudar menino! Larga desse celular e se agarrar com o livro! Teve
um tempo que meu pai queria que eu assistisse toda noite o Jornal Nacional. Não
jantávamos enquanto não fizesse isso. Desistiu rapidamente, se não, morreríamos
de fome.
Repito
pela terceira vez o 6º ano, e meus amigos da rua, já estão lá na frente. Minha
mãe diz que eles vão ser gente, enquanto eu, concorrendo com os burros, para
puxar carroça. Minha mãe não perdoa, mas sei que ela e meu pai poderiam ter
insistido mais comigo e não ter desistido tão facilmente. Vi tantos colegas
meus de classe, que estavam como eu – nem aí para a educação, para a formação e
para a preparação para a vida, para o mundo – mas sabe o que aconteceu? Seus
pais insistiram e mudaram suas vidas. Hoje são grandes estudantes, leitores,
participativos, porém, em séries mais adiantadas, porque fiquei para trás.
Tenho consciência que cometi erros, e que esse vazio que dizem e assumo existir dentro de mim, pode ser preenchido e recuperado. Basta-me querer. Posso me tornar diferente de muitos, que hoje representam a minha imagem, lapidada exclusivamente por mim e pelo mundo. Sabendo disso e tendo essa consciência, reconheço que se trata do primeiro passo para a minha transformação. Quero que aconteça, absolutamente, logo, logo, logo...
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