A Real Insignificância do Ser
Autor: Professor Carlos Delano Rebouças
Confesso que não costumo assistir tanto,
principalmente nos últimos tempos, mas muitas matérias exibidas nos
sanguinários programas policiais da televisão brasileira me chamaram a atenção
por diversos aspectos, principalmente, aos que se referem a valores humanos.
É fato a crescente evolução da insegurança em nosso país e a prática de crimes diversos, principalmente, homicídios. É fato que a visão sobre a vida está banalizada, e que existe um total abandono pelas autoridades públicas sobre a sua qualidade e manutenção. Tudo isso é fato, indiscutível.
Mas o comportamento humano é que preocupa, não somente aquele que leva á prática de crimes, reprovável pela sociedade, e abominado em todos os seus aspectos, porém não mais pela sua maioria. Até parece que passamos a encarar determinados comportamentos como naturais e aceitáveis, que outrora, eram inteiramente combatidos.
Hoje quem rouba, trafica, engana e até mata, infelizmente, adquire seu respeito na sociedade. Mas quem os respeita de verdade? São pessoas que perderam absolutamente a noção de cidadania, de respeito e de valores. Membros da sociedade que valorizam o ter em detrimento ao ser. Não importa como adquiriu ou conquistou. Importa, sim, o que tem no momento. Prazer efêmero.
Fico extremamente estarrecido quando vejo um corpo caído ao chão, sem vida, cercado por tantas pessoas que não mais sabem valorizar a vida. Debocham da pessoa, demonstram todos os preconceitos que carregam no coração, analisando a estética, as roupas, a cor e a forma como o corpo caiu e permaneceu, até a chegada da imprensa, que com suas lentes, chamam a atenção para registros de risos e gestos, alheios ao sofrimento da família e a dor da perda.
O homem está perdendo a noção das coisas. Demonstra com suas atitudes um real retrocesso quanto a sua evolução. Sentimento não tem mais. Dor não sente, não compartilha e não sensibiliza. Vale mais os seus interesses e o desejo de conquistar algo palpável, tangível, bem distante de alimentar um abstrato sentimento de amor pelo seu semelhante.
Muda homem! Muda logo, antes que chegue
a hora do arrependimento, pois, pelo que prevemos, a fila vai está muito
extensa.
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