Este poema de Francisca Júlia, poetisa da escola parnasiana brasileira, foi dedicado a outro parnasiano, Alberto de Oliveira, um dos componentes da "Tríade Parnasiana", ao lado de Olavo Bilac e Raimundo Correia.
Poema que defendia a estrutura típica das produções parnasianas, no formato de soneto, mantendo a rigidez estrutural dos poemas e de linguagem rebuscada, dentre outras características.
RAINHA DAS ÁGUAS
(a Alberto de Oliveira)
Mar fora, a rir, da boca o fúlgido tesouro
Mostrando, e sacudindo a farta cabeleira,
Corta a planura ao mar, que se desdobra inteira,
Na esguia concha azul orladurada de ouro.
Rema, à popa, um tritão de escâmeo dorso louro;
Vão à frente os delfins; e, marchando em fileira,
Das ondas a seguir a luminosa esteira,
Vão cantando, a compasso, as piérides em coro.
Crespas, cantando em torno, as vagas, à porfia,
Lambem de popa à proa o casco à concha esguia,
Que prossegue, mar fora, a infinda rota, ufana;
E, no alto, o louro sol, que assoma, entre desmaios,
Saúda esse outro sol de coruscantes raios
Que orna a cabeça real da bela soberana.
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