Autor: Carlos Delano Rebouças
Sempre, ao longo da história
do Brasil, ouvimos daqueles que se dizem representantes públicos, especialmente
no período pré-eleitoral, as mais diversas e absurdas promessas para o
melhoramento da educação do povo brasileiro.
Comparando a um livro, desses
que atendem às orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, a
qual apresenta orientações para que em qualquer composição literária escrita possa
existir um prefácio, dentre tantas outras exigências, a educação brasileira nos
discursos políticos permite-nos uma perfeita e interessante analogia com esse
instrumento de transformação.
Prefaciar é apresentar o
conteúdo que será abordado na obra, de forma resumida pela visão de seu autor,
mas rico em detalhes importantíssimos para atrair as atenções dos leitores.
Apresenta a abordagem que será dada, de forma sucinta, para que na sequência da
produção venha a ser vislumbrado pelo leitor, ou quem sabe, por meio de
terceiros, desde que correspondam as expectativas edificadas.
Sobre a definição de
prefácio, acreditamos não ter mais alguma dúvida, tanto, que serve para usá-la
na comparação com os investimentos feitos na educação brasileira. Nossos
políticos parecem mesmo manter a beleza e a importância da educação somente no
prefácio de suas propostas políticas, mas diferentemente das orientações
técnicas da ABNT, bastante prolixos nas suas argumentações. São belos os discursos,
bem trabalhados, afirmando e reafirmando que tudo é fácil, belo e alcançável.
Tudo bem elaborado, mas que na verdade, não passa da página três, predominando
a decepção de um povo que já está cansado de ler tantas páginas de enganações.
Mais interessante é que esse
livro da realidade da educação brasileira apresenta, sempre, duas conclusões:
uma descrita previamente pelos condutores do nosso país, que até parecem ter definido
o mesmo discurso, orquestrando seus argumentos nada convincentes, aliás, contrários
à realidade do nosso país; e outra, apresentada pela grande parte de nossa
população, menos favorecida, vítimas do sistema, que a cada dia, a cada
instante, mostra a sua indignação com o descaso dado pelos políticos
brasileiros à nossa educação, apesar de serem apresentados números positivos
quanto à sua evolução.
Ainda existem brasileiros, poucos, sim, que
valorizam a educação e a identificam como necessária para a evolução do país, bem
como reconhecem que é dever do Estado e dos políticos, nossos verdadeiros
representantes públicos, garantir a sua qualidade. Nem tão menos que nós,
cidadãos, devem os gestores públicos cuidar de seus interesses na mesma
proporção que os interesses da sociedade, mesmo que sua evolução cultural seja
uma arma contra suas pretensões.
A educação no Brasil precisa
não somente ter uma bela capa na sua apresentação pelos políticos, nem tão
pouco, um belo resumo de apresentação no seu prefácio. Precisa, sim, de vários
capítulos e de várias páginas que venham a torná-la menos teórica e mais
prática, sem restrições, sem o encerramento na página três da vida de quem tanto
necessita ser apreciada com sucesso até a sua página final.
Como diz Sêneca: “A educação
exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a sua vida”.
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