segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO QUE VÃO SOMENTE ATÉ A PÁGINA TRÊS



Autor: Carlos Delano Rebouças

Sempre, ao longo da história do Brasil, ouvimos daqueles que se dizem representantes públicos, especialmente no período pré-eleitoral, as mais diversas e absurdas promessas para o melhoramento da educação do povo brasileiro.

Comparando a um livro, desses que atendem às orientações da Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, a qual apresenta orientações para que em qualquer composição literária escrita possa existir um prefácio, dentre tantas outras exigências, a educação brasileira nos discursos políticos permite-nos uma perfeita e interessante analogia com esse instrumento de transformação.

Prefaciar é apresentar o conteúdo que será abordado na obra, de forma resumida pela visão de seu autor, mas rico em detalhes importantíssimos para atrair as atenções dos leitores. Apresenta a abordagem que será dada, de forma sucinta, para que na sequência da produção venha a ser vislumbrado pelo leitor, ou quem sabe, por meio de terceiros, desde que correspondam as expectativas edificadas.

Sobre a definição de prefácio, acreditamos não ter mais alguma dúvida, tanto, que serve para usá-la na comparação com os investimentos feitos na educação brasileira. Nossos políticos parecem mesmo manter a beleza e a importância da educação somente no prefácio de suas propostas políticas, mas diferentemente das orientações técnicas da ABNT, bastante prolixos nas suas argumentações. São belos os discursos, bem trabalhados, afirmando e reafirmando que tudo é fácil, belo e alcançável. Tudo bem elaborado, mas que na verdade, não passa da página três, predominando a decepção de um povo que já está cansado de ler tantas páginas de enganações.

Mais interessante é que esse livro da realidade da educação brasileira apresenta, sempre, duas conclusões: uma descrita previamente pelos condutores do nosso país, que até parecem ter definido o mesmo discurso, orquestrando seus argumentos nada convincentes, aliás, contrários à realidade do nosso país; e outra, apresentada pela grande parte de nossa população, menos favorecida, vítimas do sistema, que a cada dia, a cada instante, mostra a sua indignação com o descaso dado pelos políticos brasileiros à nossa educação, apesar de serem apresentados números positivos quanto à sua evolução.

 Ainda existem brasileiros, poucos, sim, que valorizam a educação e a identificam como necessária para a evolução do país, bem como reconhecem que é dever do Estado e dos políticos, nossos verdadeiros representantes públicos, garantir a sua qualidade. Nem tão menos que nós, cidadãos, devem os gestores públicos cuidar de seus interesses na mesma proporção que os interesses da sociedade, mesmo que sua evolução cultural seja uma arma contra suas pretensões.

A educação no Brasil precisa não somente ter uma bela capa na sua apresentação pelos políticos, nem tão pouco, um belo resumo de apresentação no seu prefácio. Precisa, sim, de vários capítulos e de várias páginas que venham a torná-la menos teórica e mais prática, sem restrições, sem o encerramento na página três da vida de quem tanto necessita ser apreciada com sucesso até a sua página final.

Como diz Sêneca: “A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a sua vida”.

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