quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O BOM PROFISSIONAL PRECISA VALORIZAR A LÍNGUA PORTUGUESA


por Carlos Delano Rebouças

Embora exista uma resistência à educação – de forma mais ampla, quase involuntária, bem mais inconsciente e fruto de um descrédito que damos como brasileiros natos –, é inegável que em determinados momentos temos um efêmero momento de lucidez e aceitamos a ideia de que ela é de extrema importância para as nossas vidas e para o futuro de qualquer nação.

Essa aceitação abrange a compreensão de que o domínio da nossa língua materna é fator de extrema importância para o estabelecimento das mais diversas interações sociais, inclusive, a profissional. Contudo, trata-se de uma tese que nem sempre é defendida, pelo simples fato de desconhecerem a sua real importância em detrimento de outros interesses que parecem bem mais, que envolvem a valorização de outros saberes, ou mesmo a total desvalorização do conhecimento em prol de alguma atividade mais rentável financeiramente.

Certa ocasião, em um evento escolar no qual envolvia professores e alunos, estes foram indagados sobre a formação que pensavam almejar por meio de um curso superior que esperavam cursar nos anos que se aproximavam. A grande maioria respondeu que desejava estudar direito, medicina e engenharias diversas, contudo, somente um deles disse que desejava cursar Letras e ser um professor de português. Todos os outros, quando deram suas respostas sobre quais seriam seus cursos, foram enfáticos e econômicos com as palavras, sem justificativa nenhuma, diferentemente do jovem estudante que sonhava em ser professor de português, que, sem ser solicitado, disse “quero ser Professor de português porque eu gosto da nossa língua”.

Na verdade, raramente se ver alunos de grandes escolas particulares de qualquer parte do país assumirem ter a vontade de ser professor, nem mesmo aqueles que são filhos de professores e estudam nelas, graças a uma bolsa de estudos.

O caso desse aluno nos serve para mostrar que ainda se escolhe uma profissão pelo sentimento e identificação, ao contrário do se faz, quando se leva em conta o retorno financeiro e segurança econômica. Todavia, nem sempre a escolha de uma profissão, mediante uma formação superior, tão “cobiçada” no mercado, é certeza de que o sucesso será garantido.

 Muitos executivos, gestores e profissionais liberais, até mesmo de renome no mercado, reúnem inúmeros conhecimentos peculiares às suas formações, porém, inevitavelmente, esbarram na falta de conhecimento da nossa língua portuguesa. Acreditam que seja irrelevante em relação à formação, aos conhecimentos e à experiência que possuem. Puro engano!

Passamos da era da “aldeia global”, nascida no início dos anos 1990, com o surgimento da internet, e hoje estamos em uma nova era – da “sociedade em rede” – que nos obriga a estabelecer as mais diversas relações sociais pelos mais modernos recursos cibernéticos, e nele e por ele, atuar profissionalmente com a obrigação de acompanhar as rápidas evoluções que envolvem também os recursos de comunicação.

Envolto a esses recursos de comunicação, todo e qualquer profissional, independentemente da área e segmento que atue, precisa estabelecer contatos e relações, desenvolver suas atividades, vender sua imagem pelos mais diferentes e modernos meios de comunicação, e, para que isso se confirme, o conhecimento de nossa língua portuguesa se apresenta como extremamente importante e necessário. É nessa hora que precisa se valorizado, mesmo a contragosto.

Hoje a comunicação precisa ser mais objetiva e por meio de textos enxutos, sobretudo acessíveis e compreensíveis. Usa-se, ao contrário de décadas passadas, em que mensagens eram transmitidas ou pessoalmente, ou por telefone ou de forma escrita, recursos como e-mails, torpedos e mensagens instantâneas (áudio, vídeo e escrita), para se driblar determinadas adversidades (distância entre os envolvidos, custos, tempo...). Contudo, se esses recursos de comunicação não forem utilizados da forma esperada – com uma linguagem que possa facilitar a compreensão da mensagem – de nada valerá. Por isso é que o conhecimento e a valorização da língua portuguesa se fazem importantes.

Cabe, então, que se reflita sobre essa necessidade, principalmente aqueles que ocupam posições de destaque na sociedade, ora como profissionais liberais, ora como executivos e gestores, entendendo que a aceitação dessa condição é fator incontestável para o sucesso profissional e para o crescimento de qualquer instituição. Pensando assim, passa-se a estender esse pensamento para os demais profissionais e colaboradores com quem se divide uma rotina diária de trabalho, permitindo a todos, sem exceção, a valorização da nossa língua portuguesa como recurso de sucesso profissional.
 






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