Por Carlos Delano Rebouças
Essa
conversa que o mundo é dos espertos, parece não me convencer a muito tempo, e
argumentos, tenho aos montes para apresentar.
Ouvindo
a música Dom Quixote da saudosa banda de rock Engenheiros do Hawaii, analisei
cautelosamente sua letra e cheguei à conclusão de que o tese que acredito
defender é verdadeira e sensata. O mundo é dos otários.
Quantos
profissionais, bons, preparados e cultos estão fora do mercado, porque não são
“espertos”?
Enquanto
refletia em busca de respostas, lembrei-me de um trecho da música, que tanto
nos ajuda a contextualizar a pergunta: “Muito prazer meu nome é otário, na
ponta dos cascos e fora do páreo; puro - sangue puxando carroça”.
Somos
muitos, realmente, puro - sangues puxando carroça nesse país, por acreditar que
podemos ser reconhecidos bem mais pelos nossos conhecimentos, que pelas
amizades, com cara de apadrinhamentos, que camuflam verdades, e tornam
incompetentes em doutores, tomando o espaço de quem merece.
Ainda
sobre a análise da música, cujos compositores merecem todo o nosso
reconhecimento e aplausos, no trecho em que diz em outras palavras que acabamos
sendo “carta fora do baralho”, entendemos que o mundo que se diz dos espertos,
exclui, elimina, e faz da maioria de nós, otários que defendem uma causa
perdida. Parabéns, Humberto Gessinger e Paulo Galvão, vocês foram felizes demais
na composição da letra dessa belíssima música!
Pensando
bem, até que prefiro ser esse otário; que até prefiro me decepcionar com os
dragões que nada mais são que moinhos de vento. Se Dom Quixote, o emblemático
guerreiro de Cervantes, no auge de sua falta de lucidez enxergou nos moinhos,
falsos dragões, quem somos nós, para também não nos iludirmos com os
verdadeiros dragões, que parecem moinhos, travestidos, mas que ventos da
justiça, nada movimentam?
O
mundo na verdade está repleto de “espertos” e que mais parecem “otários”. Não
são “Dom Quixotes” da vida, sábios e guerreiros como o de Cervantes, e como
muitos de nós, brasileiros, mas sim, aqueles que acreditam que os moinhos de
vento são seus verdadeiros dragões.
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