A GALERA DE CLEÓPATRA
Rio abaixo lá vai, de proa ao sol do Egito,
A galera real. Cinquenta remos lestos
Impelem-na. O verão faz rutilar, ao estos
Da luz, de um céu de cobre o horizonte infinito.
Pesa, abafado e quente, o ar circunstante. Uns restos
De templo ora se veem, lembrando extinto rito;
E inda um pilono erguido, e a esfinge de granito,
De empoeirado cariz e taciturnos gestos.
De quando em quando à flor do Nilo se destaca,
D’água morna emergindo, a escama de um facaca;
O íbis branco revoa entre os juncais. Entanto,
Numa sorte de ãos, Cleópatra procura
Su’alma distrair, prestando ouvido ao canto
Que a escrava Carmion tristemente murmura.
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