O DESESPERO PODE LEVAR À CRENÇA E
AO SURGIMENTO DE APROVEITADORES
Autor: Carlos Delano Rebouças
Ontem à noite, ainda não muito tarde, em um dos canais abertos da TV
brasileira, vi um programa de uma igreja que se intitula evangélica, muito
conhecida, e o tema em discussão me chamou muito atenção, pela delicadeza da
abordagem.
Sabemos que a sociedade brasileira e mundial, praticamente, está entregue
às drogas, lícitas ou ilícitas, que a cada dia vêm destruindo a juventude, a
família, e a sociedade, e esta quando não mais encontra no poder público,
soluções e respostas imediatas, acaba buscando na fé em um ser superior,
através de uma religião, a solução dos seus problemas.
Acreditar que Deus pode mudar e transformar a sua vida é louvável para
qualquer ser humano. Essa demonstração de fé representa ser o primeiro passo e
o mais importante no processo de conversão de sua vida. Mas até que ponto os
seus, aliás, os nossos problemas podem ser vistos e usados como ferramentas de
aproveitadores, que muitas vezes nem avaliam as atitudes que tomam?
Falo isso, amigos, porque ontem vi nesse programa um pastor dizer que sua
igreja realiza a cura de dependentes químicos, gratuitamente, e que clínicas
não conseguem isso na prática.
Quem não conhece ou já ouviu falar de inúmeras clínicas de tratamento e
casas de recuperação que seguem métodos científicos da medicina, da psicologia,
sociologia, assistência social, dentro da legalidade, como também, com uma orientação
religiosa, que surtem admiráveis efeitos de transformação?
Não quero aqui dizer que desacredito do poder de Deus e que podem ser
curar e transformar suas vidas. Quero dizer que aquilo que assisti pareceu uma
apelação desesperada, pela conquista de mais fiéis para a devida igreja, que,
diga-se de passagem, tem o meu respeito pela transformação de muitas vidas, mas
critico a falta de ética com quem luta diariamente contra as drogas e apresenta
resultados positivos, em clínicas e casas de recuperação.
Que fique assim a minha observação, para que a instituição Igreja faça o
seu papel social de forma digna, lícita e coerente. Que a teoria da
prosperidade seja menos aplicada, e que não se alimente falsas ilusões em quem
está fragilizado por inúmeros problemas.
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