Conversando com minha esposa hoje cedo, antes do sair para o trabalho, dentre vários assuntos, contou-me que passou na televisão, em um programa local que trata de assuntos policiais, uma matéria sobre um acidente de trânsito em Fortaleza.
Em relação ao tipo de ocorrência, nada de anormal, pois numa grande cidade como Fortaleza, com um trânsito caótico, típico das grandes metrópoles, não seria nenhuma novidade. Entretanto, a sequência de fatos é que chamou-lhe a atenção.
Segundo ela, ao cair da moto, seu guiador, ainda desacordado logo, imediatamente, foi abordado por algumas pessoas, não para lhe prestar ajuda, socorro, solidariedade a uma vida humana, e sim, para roubar-lhe seus pertences, isso mesmo, sua carteira, celular, roupas e calçado.
A que ponto está chegando a humanidade, que cada vez mais se permite igualar a abutres, que partem para cima da carniça, exposta, lutando pela sobrevivência. Mas, ainda podemos nos enxergar inferiores, pois esses exemplo apresentado de comportamento humano de quem faz a sociedade, muitas vezes não representa uma luta pela sobrevivência, e sim, reflexos comportamentais de um mundo moderno, onde impera a desumanidade, o desrespeito a vida, o consumismo desenfreado, o individualismo, a desonestidade e muitos outros adjetivos que mal qualificam, infelizmente, o homem e a sociedade.
Atitudes como esta são reprováveis, sim, e precisamos acordar pra a busca imediata de transformações. Podemos, às vezes, até dizer que ainda bem que não foi comigo, que não ando de moto, não passo neste local, ou sou de outra comunidade, mas que em nada nos priva de sermos vítimas ou de termos pessoas próximas correndo os mesmo riscos.
Precisamos entender que estamos todos nos mesmo barco, correndo os mesmos riscos e sofrendo as mesmas consequências. Somos vítimas de um sistema que não valoriza a vida, e frutos de uma má educação, desenvolvida em um país, que parece não saber definir.
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