sábado, 27 de junho de 2015

PÉ NA BUNDA E SEUS EUFEMISMOS NO MERCADO DE TRABALHO


Por Carlos Delano Rebouças

Ano a ano é assim, empresas continuam a elaborar suas listas de dispensas de funcionários, com as mais diferentes justificativas e com as mais diversificadas maneiras de defini-las, principalmente, no início de ano.

Muitos funcionários, que quando contratados são denominados de colaboradores, assinam um contrato de trabalho regido pela CLT, sem data definida para seu encerramento. Quando isso acontece - que será dispensado – quase sempre é inesperadamente. Esta “excelente notícia” é dada ou por meio de sua gestão imediata, ou do setor responsável, geralmente, o pessoal.

As justificativas são variadas, mas nem sempre justificáveis. Variam desde a redução do quadro para contenção de despesas, até, sem apresentação de razões algumas, convincentes, simplesmente deixando o trabalhador preterido com a dúvida que levará para casa com suas contas batidas.

Novas definições são aplicadas no mercado de trabalho em relação às dispensas de funcionários. Empresas que demitem muito passaram a apresentar um “turnover” elevado. Experimente perguntar a um trabalhador a real definição deste termo, que logo responde: “Significa pé na bunda”.

As empresas preferem adotar os mais variados termos para justificar tais atitudes, como reformulação do quadro, enxugamento da folha de pagamento, readequação do quadro de pessoal, dentre outros, com os mais diversificados argumentos. São prerrogativas comuns, usadas, para que a notícia seja menos impactante, e mais aceitável, ao colaborador dispensado. Representam também subterfúgios que precisam ser melhores tratados e evitados, com mais assertividade em todo o transcorrer do contrato, nas relações, a fim de que exista clareza, com um tratamento profissional de alto nível.

Sei que alguém pode dizer que ninguém é dispensado de suas funções, de seu trabalho, sem que perceba, diante de uma postura reprovável, que possibilite a sua saída.

Também podemos defender essa crença, sim, entretanto, precisamos compreender que o poder de percepção varia de pessoa para pessoa, e existem aqueles que não conseguem enxergar o que fazem, até mesmo por não saber discernir sobre o que é certo ou errado, e quando tem que contar com uma gestão imediata que possa lhe dar uma orientação sobre a execução correta de suas tarefas, esta gestão prefere fechar os olhos, omitir-se, e deixar que o colaborador tropece nas suas próprias pernas e permita que se torne preterido pela instituição.

Na verdade, a dispensa de funcionários, com seus mais variados eufemismos, em muitos casos, isso mesmo, em muitos casos, nada mais é que o atestado de incompetência de sua gestão, que tenta encontrar na demissão e na contratação a solução para seus problemas, em vez de treinar, capacitar e recuperar um profissional que enxergara ideal no fim do processo seletivo de contratação. 

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