Por Carlos Delano Rebouças
A
educação brasileira, indiscutivelmente, é direcionada exclusivamente para a
aquisição de conhecimentos específicos, visando uma formação profissional e o
seu desempenho no mercado de trabalho.
O
corpo discente brasileiro, não diferentemente das entidades qualificadoras e
formadoras, apresenta-se ao longo de sua existência na conjuntura educacional brasileira,
pouco interessada na aquisição e fornecimento de conhecimentos mais amplos, por
achar que o desempenho da profissão ou formação adquirida, não necessita de
mais nada além do que compõe o conteúdo curricular dos cursos.
Muitos
estudantes são formados, nas mais diferentes escolas, universidades e
faculdades. Adquirem seus certificados, tornam-se “doutores”, mas que na
prática, comparando-se com estudantes e profissionais de outros países mais
comprometidos com a educação, parecem analfabetos de pai e mãe.
Assistindo
a um programa de TV, vi um pai, médico, dizer com um sorriso no rosto, que quando
perguntado pelo filho o que seria um ditongo, não teve resposta para dá-lo.
Como ele, muitos médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, administradores e
até professores, nas mais diferentes áreas, estão no mesmo barco, ou seja,
desconhecem informações básicas, de uma educação básica e necessária, por
acharem que não mais importa e interessa.
Pode
alguém até dizer que não importa mesmo; que ele se formou médico e não
professor de língua portuguesa. Pode também dizer que esse tipo de conhecimento
se perdeu com o tempo e ninguém é obrigado a saber de tudo.
Quem
sou eu para discordar? Sou somente um humilde educador.
O
exemplo do ditongo é somente um de vários outros tipos de conhecimentos, que
são e foram desconsiderados, pelos estudantes e profissionais brasileiros, aos
quais passam e passaram a acreditar que não importa mais.
Importa
e muito. Quem não acredita que saber fazer um cálculo de cabeça, uma porcentagem
rápida; ou produzir um pequeno texto, um aviso, um recado qualquer; ou até
discutir assuntos diversos, sejam da época do ensino fundamental ou médio, quem
sabe, adquiridos ao longo do tempo, empiricamente, são importantes e
necessários para não parecermos despreparados para a vida e sofrermos quaisquer
tipos de preconceito? Sem dúvida que é necessário possuir uma gama de
conhecimentos, principalmente no mundo de hoje.
A
verdade é que essa aceitação - de que só se precisa dos conhecimentos
específicos e necessários para o ofício de formação - precisa ser bem mais
esclarecida pelas instituições formadoras e qualificadoras, principalmente
aquelas que visam o clientelismo. Cabe também, mesmo que pareça fugir do
componente curricular dos cursos, aos educadores, postarem-se com elementos de
conscientização em busca de um comprometimento maior com a educação. Não
podemos continuar sendo uma nação de pangarés com rótulo de puro-sangue.
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