Por Carlos Delano Rebouças
Passando
suas folhas com todo o cuidado, pois não podemos amassá-las, muito menos
rasgá-las, leio o que escrevo em suas linhas pautadas, seguras ou não em
arames, que importa, mais vale entender que ele é meu caderno, onde posso
desenvolver toda a minha aprendizagem de vida.
Meu
pai diz sempre: “Cuidado meu filho, com seu caderno! Comprei-o com tanta
dificuldade”.
Disso
sempre soube. Meu pai sempre fez tantos esforços para a minha educação. Tenho
que saber aproveitar o pouco que pode me oferecer, pois sendo bem aproveitado,
certamente semearei grandes frutos num futuro tão incerto.
Levo
meu caderno para a escola como se levasse uma joia preciosa. Confesso que me
entristece muito ver colegas sem o mesmo cuidado. Não me refiro ao cuidado com
a educação, este, há tempos, perdido entre os interesses humanos. Refiro sim,
ao cuidado que deveria ter com esse bem tão precioso, de folhas incipientemente
brancas, que acabam se tornando pardas, sujas, rasgadas, e tão desvalorizadas.
Confesso
também, que muito me entristece quando vejo o uso do caderno e de suas páginas,
para outros fins. Desenhos que fogem da realidade educacional, ou, aviões
feitos para dar asas à imaginação, em busca de voos que não levam a lugar
algum.
Com
o meu caderno, não! Respondo com veemência aos pedidos de “dê-me uma página do
seu”. E continuo com meus argumentos, para decretar sepultada qualquer
investida futura: “o meu caderno é meu instrumento mais importante de
aprendizagem, pois nele, registro meus estudos, aqueles repassados pelo
professor ou em consulta aos livros de apoio. Nele, exercito a escrita e a
leitura, e com eles, conseguirei desenvolver mais ainda o meu gosto pela
educação”.
Que
pena, meu discurso em prol da defesa do caderno somente arrancou risadas de
meus colegas, que no máximo, carregavam nas mãos arames, esticados, do que um
dia foi um caderno de estudos.
Não
importa. Fiz e faço minha parte. Preservo o meu caderno, este objeto tão bem
definido na canção de Toquinho, e que é tão pouco tocada na mídia que não
valoriza a educação como deveria acontecer.
Para
com esses que hoje depreciam o caderno; que não dão o valor que merece; e que
riem de quem o reconhece como um instrumento de edificação humana, acima de
tudo, educacional, resta-nos somente lamentar, e torcer que um dia, e que não
demore muito, voltem a olhar para o caderno como um recurso de libertação.
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