O
HOMEM, UMA ÁRVORE
Por
Carlos Delano Rebouças
O canal Discovery é mesmo sensacional. Vale a
pena ter uma TV por assinatura só pela sua existência na sua grade. Hoje vi
como pode, com a sua programação, diga-se de passagem, extraordinária,
influenciar-nos nas mais diferentes reflexões. Hoje percebi como a natureza
pode nos reservar semelhanças.
Conhecendo
a ilha de Córsega, em território francês, pude viajar não somente nas suas
belezas naturais, na sua arquitetura, na sua história, e nem tão menos no
costume de seu povo, mas sim, em tudo isso e mais um pouco. Ou seja, realizei uma viagem no meu
imaginário, e descobri, quando no episódio foi abordada a sua exuberante flora,
com suas magníficas florestas, as quais oferecem um incomparável pano de fundo
para seus castelos, igrejas, casas, que como o homem é felizardo ao se comparar
com a tudo que a natureza pode oferecer.
Sessenta
metros de altura e até 500 anos de vida: estas são características singulares de
um pinheiro típico da ilha de Córsega. Como é preservada essa espécie de planta,
aliás, todas as outras existentes, mas o pinheiro possui algo de especial! O
desejo de todos é que vivam eternamente, mas para tudo isso funcionar como
desejam, faz-se necessário muito empenho, dedicação e comprometimento, diante
da conscientização que aquela floresta e o planeta terra muito precisam daquela
espécie.
Vendo
toda a imponência daquelas árvores - altas, fortes e de troncos de extenso diâmetro
- senti que involuntariamente passam uma altivez digna de louvor, ao mesmo
tempo, que podem permitir, especialmente a nós, humanos, seus impiedosos
predadores, uma reflexão perfeita sobre muita coisa que podemos enxergar nelas,
para a nossa edificação humana.
Como podemos ser tão parecidos e diferentes ao mesmo tempo, e como somos inferiores nas nossas ações?
Como podemos ser tão parecidos e diferentes ao mesmo tempo, e como somos inferiores nas nossas ações?
Os
pinheiros da ilha de Córsega, com seus 60 metros de altura, conseguem a chegar
aos 500 anos, devido simplesmente possuir uma base muito bem fortalecida, com raízes
rígidas, extensas, que permitem sustentar toda a sua estrutura que cresce com
sentido aos céus. Alcança alturas surpreendentes; fincada ao solo que tem como
base de sua existência, sob a bênção da mãe natureza, com olhos bem abertos
para as atitudes do homem.
O
homem, infelizmente nem sempre é assim; quem dera, parecesse um pinheiro. Deseja
sempre crescer a qualquer custo e colher frutos nem sempre de uma colheita semeada,
mas quase sempre renega suas origens, além de desvalorizar, na maioria das
vezes, investimentos necessários para o fortalecimento de sua base, quando a
semente é a educação, a ética e a cidadania.
Quão
injusto é o homem consigo mesmo, não é verdade amigos? Recebe a semente, mas
não tem sabedoria para plantar, semear e colher seus frutos. E ainda consegue
encontrar argumentos para cobrar, exigir e até justificar muita coisa que
sequer se esforçou para fazer jus aos seus resultados. Torna-se, o homem, uma
grande massa física, que parece ter força e resistência, e vida longa, mas nada
disso se confirma, já que está estabelecida numa base fragilizada de conhecimento
e de sabedoria, que em nada remete a vislumbrar uma vida longa e de sucesso,
muito pelo contrário.
Mas
ele, o homem, quer mostrar-se forte. Arma-se de uma serra motorizada, daquelas
que só o seu barulho é o suficiente para causar indignação em qualquer pessoa
sensata, e manda abaixo aquele imenso pinheiro. Cai aquela estrutura, que
outrora parecia imponente, diante da ambição humana, de sua fraqueza e de sua
pequenez.
Como somos injustos com a mão natureza? Assim
é como age o homem em tantas partes do mundo, exceto, naquela bela floresta da
ilha de Córsega.
De
parabéns está a Discovery com a sua programação. De parabéns também está a
população francesa, em especial, daquela pacata ilha europeia. Que ensinamentos
estão nos dando. Obrigado gigante pinheiro, que carrego no meu sobrenome, que
me inspirou a tratar de sua delicadeza e a contribuir para a edificação humana.
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