Por Carlos Delano Rebouças
Durante muitas décadas, diversos povos do
nosso país convivem com dificuldades peculiares a suas regiões, numa herança deixada pelos políticos, uns aos outros, sem a devida preocupação.
No nordeste brasileiro, seu povo ao longo dos
anos, centenários, convive com as estiagens, com as dificuldades decorrentes,
num complexo sofrimento, numa vida castigada pela falta de chuvas. Fome,
miséria, abandono e descaso são substantivos presentes na morfologia real de
suas vidas.
O que antes representava preocupação para os
povos do sul e sudeste, devido aos constantes alagamentos, inundações e
transtornos causados, as chuvas, hoje, são precipitações desejadas e esperadas
ansiosamente pelos paulistas, que vivem uma situação inédita em suas vidas, que
é a falta d’água. Estados, como São
Paulo, estão com seus principais reservatórios desabastecidos, em situação de
emergência, levando suas populações a sentir na pele o que nós, nordestinos, já
sabermos, infelizmente, lidar com suas dificuldades.
São situações novas, para alguns, e bastante
antiga, para outros, porém, independente da cronologia dos fatos, ratificam o
total descaso dos gestores públicos deste país, que há muito tempo ignora as
consequências de seus atos, empurrando com a barriga suas administrações e os
interesses sociais, deixando heranças nada interessantes para as novas
gerações.
Essa irresponsabilidade administrativa e socioambiental
é notada, há décadas, não somente em nosso país, mas em todo o mundo. No
entanto, somente quem vive na região e precisa de seus recursos, conhece suas consequências,
diretamente, em contato com o meio ambiente. São pessoas que precisam de todos
os recursos naturais disponíveis, que, inevitavelmente, a cada dia ficam mais
escassos, como a consciência e o comprometimento das pessoas, que se perdem com
a ignorância, fruto da falta de investimentos na educação.
Mas tudo isso pode mudar. Essa situação pode
ser revertida. Entretanto, faz-se necessário uma mudança de atitude,
generalizada, numa força tarefa em defesa do país e do planeta. O Brasil
necessita de cuidados melhores, de um tutor que o ame e o defenda com a mesma
grandeza que lhe é peculiar, e que seja com responsabilidade, a fim de que não
seja dada continuidade desta péssima herança, que reluta em permanecer e se
perpetuar, por gerações.
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