Por Carlos Delano Rebouças
Todo
final de ano é assim: muita gente sendo contratada de forma temporária e
expectativas criadas para um novo ano que chaga.
Vendo
os noticiários mais otimistas, sempre apresentam matérias que abordam as
contratações de final de ano, que geram muitas oportunidades, nos mais
diferentes setores. O comércio varejista e serviços são os que mais se
destacam. Absorvem grande parte dos contratados, na expectativa de que o consumo
aumente no período de final de ano. É a força do 13º salário impactando na
economia.
Muita
conversa bonita de lojistas e empresários, quando se referem ao percentual de
oportunidades e as possibilidades de efetivação dos contratados. Até parece que
ocorre um aumento de profissionais contratados com carteira assinada. Na
prática, não é bem assim.
Uma
loja ou uma barraca de praia que possui 50 funcionários, a partir de outubro ou
novembro, passa a ter o dobro de funcionários para poder atender seus clientes
da melhor forma possível. Porém, passado este período, ou seja, entrando
janeiro, começa a ser feita uma avaliação sobre o rendimento de cada um, e,
quando de repente, começam as dispensas. Inicia-se o processo de demissão, que
envolve tantos os temporários quanto os mais antigos. Fica quem mais se
destacou.
Nesse
processo de dispensa, muitas vezes faz com que
quadro fique menor do que estava antes do período de contratação de
temporários. Isso decorre da queda nas vendas no início de ano, quando outros setores
ficam mais aquecidos, atraindo a atenção dos consumidores. Confirma-se um
verdadeiro entra e sai no mercado de trabalho, com números que refletem bem
mais ilusão do que uma verdade. De forma paralela, a indústria diminui a sua
produção, e, com isso, estimula férias coletivas e até a diminuição de postos
de trabalho.
Porém
na prática, o trabalhador nem sempre se preocupa com esta situação – de que vai
ser contratado e dispensado meses depois – já que na contramão dos interesses
empresariais e econômicos, tem a oportunidade de melhorar seu orçamento, quitar
e adquirir algumas dívidas e fazer um final diferente para si e para a sua
família. Sabe conscientemente que é mais uma vítima do sistema, na certeza de
que esta situação seja eterna enquanto dure.
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