sexta-feira, 10 de março de 2017

SERÁ QUE JÁ ESTÃO ACORDANDO PARA A NECESSIDADE DE DOMINAR A LÍNGUA MATERNA?


por Carlos Delano Rebouças

Certa discussão foi desencadeada sobre a necessidade ou não de se dominar a Língua Portuguesa, materna, e se deveria ou não ser uma das exigências maiores na hora de se contratar um profissional, por meio de sua comprovação na feitura de uma redação como atividade de um processo seletivo. E sobre o tema, o que o leitor tem a dizer?

Antes que responda, vamos analisar algumas questões fundamentais para embasar nossa argumentação, a fim de que a defesa do nosso ponto de vista, se não vier a convencer, que pelo menos sirva de parâmetro para reforçar outros pensamentos.

É perceptível, em todos os setores da economia, seja ela formal ou informal, que o mercado se apresenta muito eclético quanto ao público do qual participa. Vivemos um mundo sem fronteiras, cuja sociedade de consumo adquire produtos e serviços de empresas que nem sabe ao certo de qual país é sua origem ou se existe alguma filial no Brasil. Para que esse mercado funcione freneticamente, diversos profissionais estão inseridos e inúmeras tecnologias são desenvolvidas nas mais diferentes linguagens. Aí, entra a questão de se dominar uma determinada língua, que, no mínimo, seja comum ao grupo que esteja diretamente atuando. Claro, que o ideal é que seja de domínio geral, mais extensivo a demais públicos, especialmente, o consumidor.

Diante dessa necessidade, empresas e profissionais parecem estar em todos os lugares. Chineses e coreanos falando o inglês como se fossem britânicos. Árabes em reunião de negócios com latinos usando o inglês como código comum entre as partes envolvidas no processo de comunicação. Tudo parece fácil e dinâmico. Tudo parece estimular.

E como estimula. O brasileiro não ignora essa realidade – de que precisa, aliás, necessita do domínio do inglês, principalmente, como diferencial competitivo de mercado – e entende que também significa sobrevivência, já que, sem uma língua estrangeira em seu currículo, corre o risco de ser preterido em um mercado cada vez mais multicultural, cujas relações se ampliam numa velocidade sem igual, como os negócios que o envolvem. É a certeza de que a comunicação faz a diferença, e para que ela seja eficiente é providencial o domínio de uma língua, contudo, que cada vez mais parece não ser mais a nossa portuguesa.

Essa intensa busca pela aquisição do inglês; um pouco menos o espanhol, que já fora bastante requisitado; e o interesse despertado para o mandarim, diante da abertura com o mercado oriental, significa, mais que tudo, o enxergar de oportunidades. Mas como fica a nossa Língua Portuguesa e sua utilização no mercado ainda 100% interno, nas relações que envolvem brasileiros, bem como no dia a dia de um processo de comunicação?

Sabemos que há a necessidade de se falar e se escrever na nossa língua. São processos inseridos em diversas atividades diárias de toda organização, que envolvem atendimento a clientes, reuniões e fechamentos de negócios, elaboração de documentos oficiais ou não, promoção de marcas e produtos etc. Trata-se de um elenco de atividades desenvolvidas que precisa de que a Língua Portuguesa seja aplicada com qualidade, para que a comunicação se torne eficiente e redunde em resultados eficazes. Caso contrário, grandes prejuízos são gerados, capazes de negativar a imagem de empresas e profissionais.

Pode haver, sim, investimentos na aquisição de outra língua afora a materna. Sem dúvida que se trata de uma necessidade mercadológica. Contudo, não podemos negar que o pleno domínio da Língua Portuguesa se faz necessário. É por ela que também desenvolvemos o nosso marketing pessoal, já que por meio de uma comunicação clara e eficiente conseguimos mostrar quem somos. Torna-se o nosso cartão de visita apresentado com a qualidade que a língua permite.




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