por Carlos Delano Rebouças
Certa
discussão foi desencadeada sobre a necessidade ou não de se dominar a Língua
Portuguesa, materna, e se deveria ou não ser uma das exigências maiores na hora
de se contratar um profissional, por meio de sua comprovação na feitura de uma redação
como atividade de um processo seletivo. E sobre o tema, o que o leitor tem a
dizer?
Antes
que responda, vamos analisar algumas questões fundamentais para embasar nossa
argumentação, a fim de que a defesa do nosso ponto de vista, se não vier a convencer,
que pelo menos sirva de parâmetro para reforçar outros pensamentos.
É
perceptível, em todos os setores da economia, seja ela formal ou informal, que
o mercado se apresenta muito eclético quanto ao público do qual participa. Vivemos
um mundo sem fronteiras, cuja sociedade de consumo adquire produtos e serviços
de empresas que nem sabe ao certo de qual país é sua origem ou se existe alguma
filial no Brasil. Para que esse mercado funcione freneticamente, diversos
profissionais estão inseridos e inúmeras tecnologias são desenvolvidas nas mais
diferentes linguagens. Aí, entra a questão de se dominar uma determinada língua,
que, no mínimo, seja comum ao grupo que esteja diretamente atuando. Claro, que
o ideal é que seja de domínio geral, mais extensivo a demais públicos, especialmente,
o consumidor.
Diante
dessa necessidade, empresas e profissionais parecem estar em todos os lugares.
Chineses e coreanos falando o inglês como se fossem britânicos. Árabes em
reunião de negócios com latinos usando o inglês como código comum entre as
partes envolvidas no processo de comunicação. Tudo parece fácil e dinâmico.
Tudo parece estimular.
E
como estimula. O brasileiro não ignora essa realidade – de que precisa, aliás,
necessita do domínio do inglês, principalmente, como diferencial competitivo de
mercado – e entende que também significa sobrevivência, já que, sem uma língua
estrangeira em seu currículo, corre o risco de ser preterido em um mercado cada
vez mais multicultural, cujas relações se ampliam numa velocidade sem igual,
como os negócios que o envolvem. É a certeza de que a comunicação faz a
diferença, e para que ela seja eficiente é providencial o domínio de uma
língua, contudo, que cada vez mais parece não ser mais a nossa portuguesa.
Essa
intensa busca pela aquisição do inglês; um pouco menos o espanhol, que já fora
bastante requisitado; e o interesse despertado para o mandarim, diante da
abertura com o mercado oriental, significa, mais que tudo, o enxergar de
oportunidades. Mas como fica a nossa Língua Portuguesa e sua utilização no
mercado ainda 100% interno, nas relações que envolvem brasileiros, bem como no
dia a dia de um processo de comunicação?
Sabemos
que há a necessidade de se falar e se escrever na nossa língua. São processos
inseridos em diversas atividades diárias de toda organização, que envolvem
atendimento a clientes, reuniões e fechamentos de negócios, elaboração de
documentos oficiais ou não, promoção de marcas e produtos etc. Trata-se de um
elenco de atividades desenvolvidas que precisa de que a Língua Portuguesa seja
aplicada com qualidade, para que a comunicação se torne eficiente e redunde em
resultados eficazes. Caso contrário, grandes prejuízos são gerados, capazes de
negativar a imagem de empresas e profissionais.
Pode
haver, sim, investimentos na aquisição de outra língua afora a materna. Sem
dúvida que se trata de uma necessidade mercadológica. Contudo, não podemos
negar que o pleno domínio da Língua Portuguesa se faz necessário. É por ela que
também desenvolvemos o nosso marketing pessoal, já que por meio de uma comunicação
clara e eficiente conseguimos mostrar quem somos. Torna-se o nosso cartão de
visita apresentado com a qualidade que a língua permite.
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