por Carlos Delano Rebouças
Definida como a incapacidade que uma pessoa
demonstra ao não compreender textos simples, muitos brasileiros, mesmo se
achando “capacitados” por possuírem um diploma de determinado nível de
escolaridade, só conseguem decodificar, minimamente, letras, frases isoladas,
algumas sentenças e textos curtos, demonstrando uma absoluta dificuldade de interpretação
de textos.
Segundo matéria exibida no dia 10 de novembro
de 2016, no Jornal da Record, o percentual desfavorável ao nível de alfabetização
do brasileiro é alarmante. Quase metade da população brasileira entre 15 e 64
anos sabe ler e escrever, mas tem imensa dificuldade de interpretar textos, bem
como organizar as ideias no papel na argumentação sobre uma tese a se defender.
Em um país em que a educação não é priorizada, percebe que uma fatia menor da
população que possui um diploma de nível superior acredita, equivocadamente,
estar numa condição confortável, que signifique um privilégio por ter uma maior
e melhor condição de competitividade. Triste engano! É somente a ratificação
daquela velha máxima de quem em terra de cego, quem tem somente um olho é rei.
No Brasil, menos de 70% daqueles que possuem
diploma de nível superior conseguem ser proficientes na leitura e escrita, ou
seja, demonstrar habilidade e competência na leitura e na produção de textos. E
Somente 8 em cada 100 pessoas têm um perfeito domínio da leitura e produção de
qualquer tipo de texto.
Ler é bem diferente de decodificar. O
brasileiro alfabetizado, na sua maioria, sabe somente decodificar letras,
palavras e períodos curtos. Quando os períodos se tornam mais longos, as
dificuldades começam a aumentar. A leitura logo vira um tormento nada
desafiador, especialmente, quando os textos tornam-se um pouco mais extensos.
Percebe-se uma enorme dificuldade de contextualização e compreensão, sobretudo,
em interpretá-lo de uma forma mais reflexiva. Na verdade, muitos que se dizem
leitores, por exemplo, não conseguem comentar, criticamente, o que leu sem que
sua vista não esteja mais voltada ao texto.
E qual seria a solução para melhorar o nível de
leitura e escrita dos brasileiros? Qual seria o caminho para o Brasil formar um
verdadeiro exército de leitores e escritores? Perguntas que pedem respostas
cada vez mais difíceis de encontrar.
Embora os números apresentados por pesquisas
realizadas por entidades que medem o nível de alfabetização do Brasil mostrem
que, ano a ano, o brasileiro abandona o status de analfabeto, o analfabetismo
funcional parece que caminha na contramão dessa evolução, como números cada vez
maiores de brasileiros sem o domínio da leitura e da escrita. São dados assustadores
que precisam ser vistos e revertidos urgentemente.
Investimentos devem ser priorizados, aqueles
que envolvem uma maior e melhor estruturação da escola brasileira; uma
capacitação e valorização dos agentes de educação; e o desenvolvimento
campanhas e projetos de incentivo à educação. Tudo isso alicerçado em políticas
públicas consistentes para o desenvolvimento de uma educação de qualidade no
Brasil, além de muita boa vontade dos nossos gestores públicos.
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