quinta-feira, 18 de agosto de 2016

VIRTUDES E OBRIGAÇÕES

Por Carlos Delano Rebouças Pinheiro

Quando diziam que seria uma pessoa generosa e prestativa, acreditava reunir duas de tantas outras valiosas qualidades, que elevavam a imagem de qualquer ser. Nos degraus do reconhecimento social, via-me valorizado, mas ao mesmo tempo e sem demora, injustiçado por muitos que não fazem questão alguma de possuir determinadas virtudes, como também, de reconhecê-las bem menos como virtudes, muito mais como obrigação.

Ninguém sabe mesmo fazer a distinção entre o que sejam virtude e obrigação do homem em sociedade. Ou se possui virtudes, ou somos cheios de defeitos.  E se dizem que somos obrigados a servir, logo respondemos que não, por acreditar que somos livres para pensar e agir, mesmo que em situações adversas da vida, sempre buscamos questionar os frutos de nossas colheitas, com diversas indagações na mente, e, muitas vezes, com um coração cheio de mágoas de tudo e de todos e do mundo, aliás, a quem possamos atribuir responsabilidades, diante de uma absoluta incompreensão, quando estamos do outro lado, mas sem nunca reconhecer que o único culpado somos somente nós.

É muito fácil dizer um não. Mais fácil ainda ignorar, fazer de conta que nada existe em nossa volta. Com é triste ouvir “Que se exploda o mundo. Cada qual se vire com seus problemas, que os meus em mesmo resolvo”.

Que mentira! Que atire a primeira pedra aquele que nunca pediu ajuda a alguém para solucionar seus problemas, por menor que tenha sido. Sempre precisamos recorrer a algum generoso ou prestativo de plantão, daqueles que ficam a postos esperado pelo seu grito de socorro. Como é bom que existam pessoas solidárias, que não medem esforços para servir! Como é triste sentir na pele a dor da ingratidão, quando generoso e prestativo somos, embora acreditemos ser nossa obrigação!

Há momentos que digo, em voz baixa e embargada de revolta, que vou deixar de ser besta e dedicar todos os meus esforços para benefícios próprios, exclusivamente meus. Mas não demora muito e logo ajo como se a revolta não mais residisse no meu coração, que parece puro, como o de uma ingênua criança. Prevalece a minha atitude inata de servir, sem mesmo existir um ser materializado que me cobre como uma obrigação.


Sem dúvidas que essa cobrança existe, muito por parte da consciência de quem é generoso e prestativo, que acredita ser essa a sua condição, mesmo que signifique ser algo mais forte que nossa revoltosa vontade, com cara de injustiça, bem menos pela esperança de que um dia a sociedade repense seus valores e aprenda a discernir entre virtudes e obrigações. 

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