Por
Carlos Delano Rebouças Pinheiro
Quando
diziam que seria uma pessoa generosa e prestativa, acreditava reunir duas de
tantas outras valiosas qualidades, que elevavam a imagem de qualquer ser. Nos
degraus do reconhecimento social, via-me valorizado, mas ao mesmo tempo e sem demora, injustiçado por muitos que não fazem questão alguma de possuir
determinadas virtudes, como também, de reconhecê-las bem menos como virtudes,
muito mais como obrigação.
Ninguém
sabe mesmo fazer a distinção entre o que sejam virtude e obrigação do homem em
sociedade. Ou se possui virtudes, ou somos cheios de defeitos. E se dizem que somos obrigados a servir, logo
respondemos que não, por acreditar que somos livres para pensar e agir, mesmo que
em situações adversas da vida, sempre buscamos questionar os frutos de nossas
colheitas, com diversas indagações na mente, e, muitas vezes, com um coração cheio
de mágoas de tudo e de todos e do mundo, aliás, a quem possamos atribuir
responsabilidades, diante de uma absoluta incompreensão, quando estamos do
outro lado, mas sem nunca reconhecer que o único culpado somos somente nós.
É
muito fácil dizer um não. Mais fácil ainda ignorar, fazer de conta que nada
existe em nossa volta. Com é triste ouvir “Que se exploda o mundo. Cada qual se
vire com seus problemas, que os meus em mesmo resolvo”.
Que
mentira! Que atire a primeira pedra aquele que nunca pediu ajuda a alguém para
solucionar seus problemas, por menor que tenha sido. Sempre precisamos recorrer
a algum generoso ou prestativo de plantão, daqueles que ficam a postos esperado
pelo seu grito de socorro. Como é bom que existam pessoas solidárias, que não
medem esforços para servir! Como é triste sentir na pele a dor da ingratidão,
quando generoso e prestativo somos, embora acreditemos ser nossa obrigação!
Há
momentos que digo, em voz baixa e embargada de revolta, que vou deixar de ser
besta e dedicar todos os meus esforços para benefícios próprios, exclusivamente
meus. Mas não demora muito e logo ajo como se a revolta não mais residisse no
meu coração, que parece puro, como o de uma ingênua criança. Prevalece a minha
atitude inata de servir, sem mesmo existir um ser materializado que me cobre
como uma obrigação.
Sem
dúvidas que essa cobrança existe, muito por parte da consciência de quem é
generoso e prestativo, que acredita ser essa a sua condição, mesmo que
signifique ser algo mais forte que nossa revoltosa vontade, com cara de
injustiça, bem menos pela esperança de que um dia a sociedade repense seus
valores e aprenda a discernir entre virtudes e obrigações.
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