quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A CURIOSIDADE




Para alguns a curiosidade é uma coisa que dá e não passa. Excede ao controle e ao desconfiômetro.
Por exemplo, Zé é um curioso que chega a fazer vergonha, um curioso sem escrúpulos e compulsivo, às vezes – a maioria – é uma curiosidade besta, sem importância, mas lá esta o Zé procurando saber, curiosando.
Tem gente que confunde curiosidade com intromissão, fuxicagem, espionagem ou até invasão do espaço alheio. Mera incompreensão. Isso é a curiosidade na sua maior pureza, na simplicidade de apenas querer saber...só por curiosidade.
Zé, quando alguém esta por perto, sempre fica observando para saber o que o sujeito esta fazendo ou comendo ou lendo ou não fazendo nada. De tanto ficar olhando, já vi muita gente oferecer um pedaço de biscoito ou lhe dando uma bala. Não era um olhar pidão! Era só de curiosidade. Agora, por exemplo, enquanto vos escrevo Zé acabou de ganhar um biscoitinho de sal. Mas eu sei que o que ele queria mesmo era só saber o sabor do biscoito que eu estou comendo.
Descobrir, matar a curiosidade, preencher uma lacuna vazia de informação ( mesmo que não seja da nossa conta), CURIOSIDADE MATA!
Tem curioso que é chato. Aquele tipo que sempre pega uma conversa pelo meio e já quer saber quem/como/onde e o porquê. É algo impulsivo. Automático.
Zé – no ônibus – estava prestando atenção na conversa do banco ao lado:
– Menina! Peguei meu irmão traindo a namorada dele!
– Seu irmão?! Aquele santinho?
–Santinho? Você não conhece a figura. Pior, foi com a Aninha.
– E o que você fez?
– Eu nada, ele que esta fazendo. Esta tentando me envolver nisso pra se dar bem, botou até o Ricardinho no meio.
– O que, Ricardinho?! Maldade isso.
O ônibus parou e elas levantarem para descer no próximo ponto. Zé levantou e as acompanhou até a porta, a conversa estava curiosamente interessante.
– Intão menina, meu irmão esta querendo que eu... (triiim-triim-trimm)... Opa! Meu irmão esta me ligando.
Fala maninho! Ahãm. Tá. E aí? É mesmo? Hum, fazer o que né. Ok. Tchal.
– E aí menina, o que ele queria?
O ônibus parou. As duas desceram do ônibus. Zé sentou nos degraus, abaixou a cabeça e quase chorou!

Dois dias depois, no mesmo ônibus, ele avistou uma menina chorando e quis conversar para ajudar – sem êxito, claro.
– Oi mocinha, não chore. O que houve?
– Meu namorado me largou.
– Porque? (Só para esclarecer, não foi um porque de piedade, foi de mera curiosidade)
– Porque ele esta com minha melhor amiga.
– Quem?
– Snif...Aninha.
– Quando?
– Ontem
E ele foi perguntando e perguntando, até que ela parou de choramingar e notou que estava em um interrogatório. – Não é da sua conta, seu intrometido.

Pronto, ele estava radiante! Poderia voltar a dormir bem. Descobrira – enfim – o final da história curiosamente interessante.

Pra mim Zé é doente, sofre de “Desvio compulsivo de distúrbio psíquico curioso”. Não tem cura, mas pode ser controlado. Ele não sai mais de casa.
Zé hoje vive até melhor. Mata as curiosidades pelo Google, espia pela janela e não incomoda mais ninguém.

Fonte: http://avidaebela-cronicas.blogspot.com.br/

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