sexta-feira, 26 de agosto de 2016

MEUS CONHECIMENTOS EM XEQUE QUANDO ESCREVO

Por Carlos Delano Rebouças

Jamais exercitamos tanto a nossa capacidade de escrever como hoje. Em tempo algum tivemos tantas oportunidades de externar pela escrita o que pensamos sobre tantas coisas na vida. Porém, nunca fomos tão infelizes ao escrever, dando tantas oportunidades de criar-se uma imagem distorcida ou mesmo verdadeira sobre  nós mesmos.

O homem manifestou-se com seus primeiros escritos em paredes de cavernas, tábuas, tecidos, escondendo-se, sem mesmo ter tanto interesse de serem lidos. Parecia ser apenas uma forma simples e restrita de se comunicar, direcionada exclusivamente aos mais próximos de convívio. Hoje, percebe-se que é muito diferente.

Sem mesmo precisar recorrer a arqueólogos ou antropólogos, antes, responsáveis por tantas descobertas e por desvendar tantos mistérios, tidos como tesouros que superam a barreira do tempo, hoje, desenhos e códigos mudaram, e não precisamos de tais especialistas. Basta conhecer um pouco de nossa língua portuguesa.

Usamos do nosso alfabeto, de imagens diversas, que exprimem sentimentos, pelos mais diferentes recursos de comunicação. Com isso, deixamos as cavernas e enveredamos no mundo digital, virtual, e bem mais, real. Falamos o que queremos e pensamos, e do jeito que queremos, com toda liberdade e responsabilidade. Mas é exatamente aí que reside o perigo.

Nas redes sociais, independentemente de grupos formados, que podem determinar ou não o nível intelectual de seus membros, percebe-se que muitos permitem ser avaliados, pondo seus conhecimentos em xeque, diante da despreocupação e o cuidado em escrever.

Ao escrever nas redes sociais, sendo ou não textos curtos, acabamos por permitir que sejamos avaliados. A comunicação escrita é uma marca suscetível a avaliações sobre o nosso caráter e nossa personalidade, como também, sobre o nosso conhecimento. Pode redundar em dúvidas em relação à nossa formação, sobretudo, como fora adquirida e se de fato foi.

Subterfúgios sempre são utilizados para justificar os fins, quando os meios são inquestionavelmente justificados. Ora por conta do modismo, ora por adequação a alguma situação, que pareça vexatória ou exclusiva. Para muitos, escrever certo nas redes sociais é razão suficiente para sofrer preconceito. Mas de quem ou onde parte o preconceito?

Importa, sim, querer saber de onde ou de quem parte o preconceito. Isso, para quem tem a preocupação e compromisso com a nossa língua portuguesa. Precisamos, também, ser ponderados ao nos comunicar, seja na fala e na escrita, esta, com marcas bem mais amplas e duradouras. Chegam rapidamente nos quatro cantos do mundo, sem dar tempo para retificação.  

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