por Carlos Delano Rebouças
Há
alguns meses, li nos jornais que alguns de nossos grandes açudes cearenses
estavam secando como jamais tinha acontecido na história recente do nosso
estado. Trata-se de um fato que preocupa deveras, não semente o povo da região
abastecida pelos reservatórios, como também, todo um estado que sofre com a
estiagem há séculos, e que mais parece uma ferida aberta ou uma doença crônica,
sem remédio para curar.
O primeiro deles, noticiado, foi o açude de
Pentecoste, cerca de 100 km da capital cearense. Famoso, o grande açude ficou
conhecido pelo lazer que oferece, aliás, oferecia ao povo daquela cidade e a
seus visitantes. Construído sob a chancela do Departamento Nacional de Obras
Contra a Seca, DNOCS, em tempos áureos, suas águas chegavam a alcançar níveis
elevadíssimos, proporcionando para os mais corajosos, saltos de pontos elevados
de sua cabeceira. Hoje, conta com menos de 5% de sua capacidade, fazendo com
que espécies de peixes deixassem de figurar na mesa do povo pentecostense, como
Tucunarés, Pescadas e Tilápias, além do famoso Curimatã. Hoje, figuram somente
na lembrança.
Depois
dele, o caçula e gigantesco açude do Castanhão, que para muitos, chegou a
parecer um mar de tanta água, e vejam, que quando foi definido assim, sequer
contava com sua capacidade total, começou a mostrar as ruínas da cidade velha
de Jaguaribara, cujas ruas e edificações destruídas, mostraram-se para o mundo,
em canal aberto, sob a perplexidade de todos que não acreditavam no que viam.
Hoje,
temos a notícia de outro gigante e tradicional açude de nosso estado pedindo
socorro e morrendo de sede. Localizado na cidade de Banabuiú, que dá nome ao
açude, a vegetação toma o lugar das águas, ante os olhares entristecidos de pescadores
e moradores, que cresceram vendo seu açude sendo referência para a sua cidade e
para o estado do Ceará, com a responsabilidade de abastecer boa parte do nosso
Ceará.
Seguindo
o triste caminho desses três grandes reservatórios cearenses, outros aparecem
respirando por aparelhos, minguados em água, prestes a engrossar esta lista,
que já preocupa muito, e que faz com que todo cearense sofra com a preocupação
de se ver num colapso total de falta d’água nos próximos meses.
E
o que fazer diante desta preocupante situação que assola não somente nosso
estado, mas o nordeste inteiro, e outros estados do país? Que atitudes devemos
tomar, nossos governantes e a sociedade como um todo? Esperar por chuvas? Pela
misericórdia divina? Por São Pedro, para aqueles que acreditam?
Perguntas
sem respostas. Estamos sim, reféns do tempo; de olho nos céus; e à espera de
chuvas, que cada vez se tornam mais escassas. Enquanto isso, continuamos agindo
de forma impensada, consumindo de forma desordenada e irresponsável, agredindo
a natureza, e colhendo os frutos de nossa ignorância.
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