Por Carlos Delano Rebouças
Quantas vezes recepcionamos ou somos
recepcionados por alguém com um esticado sorriso no rosto, com belas palavras,
um forte abraço, e em seguida, a indagação: Será que esse tratamento foi
verdadeiro?
Primeiramente, precisamos esclarecer
que nas nossas convivências lidamos com pessoas amigas, que se dizem e
acreditamos ser amigas, e que em ambas as situações, como qualquer ser humano,
imprevisíveis na manifestação de seus sentimentos. Somos inquestionavelmente
surpreendentes.
Por sermos imprevisíveis e
consequentemente surpreendentes, estamos sempre passivos de desapontar alguém,
principal e infelizmente, os mais próximos. Às vezes, precisamos ser flexíveis
com nossas manifestações sentimentais, comportando-nos com mais tolerância,
“engolindo” o nosso orgulho, para evitar que venha a se transformar num
problema maior, mais sério, no relacionamento existente. Essa postura é que
pode causar uma dúvida se significa sabedoria ou falsidade.
Preferimos acreditar que se trata de
sabedoria, mesmo sendo uma relação que acreditamos não ser tão valorizada,
verdadeira, próxima. Porém, tratando-se de uma relação com fortes raízes,
fortalecida sob as bases do respeito, do amor e da consideração, aí é que
devemos ser sábios nas nossas atitudes, para não sepultar de vez tudo que foi
construído por um longo tempo, contudo, abalado, quem sabe, por uma bobagem
feita, ou declinada, ou até uma má interpretação.
Não queremos aqui isentar a
possibilidade existencial da falsidade nas atitudes humanas. Quem somos nós
para negar que o homem apresenta essa postura, tão reprovável quanto tantas outras,
não citadas nesta reflexão? Todavia, aí é que devemos também agir com sabedoria
para não erramos nas nossas interpretações. Precisamos ser cuidadosos para não
sermos injustos com nossos sentimentos e os sentimentos alheios.
Sempre, nas mais diferentes situações
da vida, seja em família ou em sociedade, o bom senso nas nossas reflexões
precisa prevalecer. Não podemos ser levianos ao atribuir sentimentos que
possuem nomes e valores, e nem aceitá-los como uma verdade, pois a distância na
compreensão entre sabedoria e falsidade nessa situação é bem mais curta que
imaginamos.
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