terça-feira, 23 de agosto de 2016

MERCADO DAS APARÊNCIAS


por Carlos Delano Rebouças

Essa ideia de que não devemos agradar a quem convivemos é uma conversa fiada sem tamanho. Muito mais que um dever nosso, sob as regras da boa convivência, sem dúvidas alguma é uma necessidade social, cuja colheita de suas reais consequências pode ser mais desagradável quanto se mensura.

Um sorriso precisa está presente no rosto sempre, como se possuíssemos um armário repleto de máscaras a escolher, conforme as ocasiões. E elas não faltam, aliás, surgem e ressurgem a todo instante, e precisamos nos mostrar, apresentando-nos em todas e para todos envolvidos como os mais felizes, de bem com a vida, simpáticos e acolhedores. Assim precisamos ser vistos, pois dessa forma precisamos vender, sempre, a nossa melhor imagem, como marca principal do nosso mix de produtos, embora não estejamos, em um dado momento, espiritualmente preparados para usar a máscara da felicidade.

E quando não nos postamos em sociedade como grandes “marqueteiros” do “produto eu”? E quando não sabemos nos vender, diante de um produto cujo conteúdo, e, principalmente, a embalagem não agradam, quais as consequências para tudo isso?

Certamente, poderão ser percebidas, tanto de imediato quanto em médio e longo prazo, constantemente ou não, quem sabe, mas de vez em quando dará o ar de sua existência, mesmo que não percebamos ou não queiramos enxergar ou aceitar. Confirma-se aquela máxima de que “o pior cego é aquele que não quer enxergar”.

Antes que chegue o momento de nossas colheitas, sabedores que não são temporalmente definidas, acontecendo a todo instante, em cadeia, esse turbilhão de acontecimentos precisa ser encarado com muito cuidado, pois, envolvidos neles, permitimos que sejamos definidos conforme vistos, mas nem sempre da maneira como deveríamos ser enxergados. Chega ao interlocutor o “produto você”, que será avaliado sob os mais diversos critérios, os quais nem sempre bem ou justamente definidos.

Não fazendo aqui apologia para a falsidade, mas quando digo que o nosso sorriso deve está sempre estampado, quem sabe até na nuca, é pela certeza que comportando-nos assim, não haverá espaços para que sejamos mal definidos, mal conceituados ou até rotulados por pelos olhos da injustiça, pois no mercado das aparências, só sobrevivem os mais sábios. 

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