Por Carlos Delano Rebouças
Parei para pensar sobre a
importância da caneta em nossas vidas. O que um instrumento tão insignificante
para alguns, pode ser tão importante para outros?
Um dia nem mesmo era uma esferográfica.
Simplesmente uma ponta sedosa de pena, molhada à tinta, que servia para
registrar momentos e deixar marcas inapagáveis na vida e na história.
Na verdade ela é parte
integrante de nossas vidas. Às vezes, quem sabe involuntariamente, mas sem
deixar de enxergar como oportuna, salva vidas e vira o assunto da vez. Não
aquelas que por natureza, servem como instrumento de estudo, abrindo caminhos
importantes para a edificação humana e profissional. Falo de casos já vistos
tantas vezes, quando serviu de escudo, salvando o seu portador que a
transportava no bolso esquerdo do peito, desviando um projetil, que insistia em
atingi-lo.
Quantos fatos e estórias
existem sobre a caneta. Sempre alguém tem em mente um fato a contar. Ei-la como
protagonista maior.
Quando escrevemos, em meio a
uma atenção total, devida e respeitada, demonstramos atitudes comuns, do tipo
que se pode afirmar: “Eu também faço isso”. A caneta parece uma batuta,
daquelas que os maestros usam no seu ofício de orquestrar. Também se transforma
num mordedor, que segura as rédeas da ansiedade, ou mesmo, um recurso para
retirar a sujeira das unhas ou prender cabelos longos em dias de calor. Ah!
Quando surge aquela coceirinha no ouvido, logo a sua tampa passa a ter uma
utilidade além daquela de proteger a esfera por onde se liberai a tinta, e
transforma-se, improvisadamente, em hastes flexíveis, popularmente conhecidas
como cotonetes.
Mas sem esquecer a verdadeira
função da caneta, desmerecendo as suas utilidades, o fato é que também
significa um identificador social. Isso mesmo, um instrumento que define quem é
quem numa sociedade em que se conhecem preços, desconhecendo valores.
Canetas são produzidas em
larga escala pela indústria. Outras carregam consigo a marca de uma história,
com produção limitada, com preço tão equiparado quanto ao seu valor e a sua
imagem de mercado. Às vezes, tão caras que se tornam presentes sofisticados,
como uma joia valiosa. A caneta tem valor.
O valor de poder reproduzir
pensamentos, ideias e emoções. O valor, também, de estreitar relações,
pertinentes a serem quebradas, também pela razão. Ela escreve os sonhos, os
desejos, e até cartas de amores. Faz rir e chorar, e por vezes, divide o papel
com as lágrimas que insistem em descolorir a sua escrita. É inquestionavelmente
um instrumento comum a todos, intrínseco em nossas vidas, e que na sua ausência
e por necessidade, logo permite indagar: Alguém tem uma caneta?
Tenho várias, que escrevem
de diferentes formas e em diferentes cores, ideais para cada situação. Esta, oportuna
para reconhecer o seu valor e a sua importância, mesmo que passe na vida de
muitas pessoas sem ser percebida pela sua grandiosidade.
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