Professor Carlos Delano Rebouças
Não é de hoje que observamos uma crescente mudança na nossa vida, na sociedade e no mundo, nos mais variados aspectos, e que ainda parecem invisíveis ou imperceptíveis para muita gente.
Sentar-se numa calçada num fim de tarde; compartilhar com amigos momentos agradáveis em praças, bares e restaurantes; possuir uma bicicleta, uma moto, um carro ou um veículo qualquer, e usufruí-lo livremente; atender a uma ligação de celular na rua; e dormir de portas abertas, representam prerrogativas de uma segurança pública, que ficaram num passado, num país de gestores que optaram em fechar os olhos para a sua importância, e que hoje, não mais escolhem vítimas.
Falta d’água sempre foi um problema do nordeste brasileiro. Para muitos, principalmente os mais religiosos, acreditam que depende da vontade exclusiva de Deus, e dos santos de plantão. Hoje, grande parte do país, com exceção do norte, pela ainda abundância de águas, provenientes da Amazônia, sofre com a estiagem. Reservatórios reduzindo-se a zero, e o sofrimento de um povo, que não sabe o que é sentir sede.
O nordestino, bem diferente dos outros povos do Brasil, ao longo dos tempos convive com essa dificuldade, e deste sofrimento, consegue estampar um sorriso de um rosto estampado de sofrimento, onde a dor que sente no coração, se confirma em lágrimas derramadas. Águas que escorrem em rostos sofridos, pela falta de água que não cai do céu.
Segurança pública e colapso de abastecimento d'água são retratos muito mais de uma incompetência administrativa, que de um possível castigo de Deus, para quem acredita em Deus e que ele tem por hábito castigar.
Gestores públicos nunca demonstraram uma relevante preocupação com os problemas do nordeste brasileiro, sobre as dificuldades hídricas que passamos, sempre usando métodos paliativos, para com isso, ganhar muito dinheiro, confirmando de fato a perpetuação da indústria da seca no nordeste, que agora, pelo que vemos, haverá a perpetuação desta indústria pelo país inteiro, infelizmente.
Segurança pública também jamais foi vista como uma prioridade, até mesmo porque suas mazelas atingiam somente as camadas menos favorecidas da sociedade. Restringia-se às periferias das grandes metrópoles, bem distante dos bairros elitizados, que outrora eram privados da violência. Hoje não é mais.
A insegurança está em toda parte, em toda sociedade, e atinge indistintamente o cidadão urbano e rural. Ninguém consegue mais se sentir seguro. Somos, todos, vítimas de uma incompetência administrativa, de gestores que preferiram varrer para debaixo do tapete todos os problemas sociais do Brasil. Não investem na educação e não a enxergam como fator preponderante de mudanças.
Pelo que vemos, estamos colhendo frutos de nossa incompetência e irresponsabilidade, postando-nos como vilões e mocinhos, sofrendo as mesmas consequências, coniventes ou não, mas perdedores, todos, sem muito tempo de reversão. Que tenhamos consciência sobre a nossa parcela de contribuição.
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