terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

SUTILEZA DE UM ELEFANTE



Autor: Carlos Delano Rebouças

O ato de descartar e seus efeitos na vida, para muitos, pode significar uma situação muito desgastante, dolorosa, quando feita sem os devidos cuidados, quando acontece sem uma preparação que possa minimizar os sofrimentos.

Aquela história de contar que o gato morreu, começando com sua subida no telhado, pode parecer exagerada, de enredo muito longo, mas que na verdade, permite se preparar bem o receptor da mensagem, o mais interessado em questão, a absorver melhor a notícia a ser dada.  Porém, nem sempre se aplica esse expediente.

Assim acontece quando se dá uma notícia de acidentes, de morte, de prejuízos e de perda de emprego. Também, pelos menos sensíveis, no encerramento de relacionamentos amorosos, sem a mínima preocupação com a dor do outro.

Essa falta de sensibilidade ao se dar uma notícia é muito comum, mesmo entre as pessoas, sobretudo, naqueles que demonstram ter uma percepção menos aguçada sobre os sentimentos alheios. Aqueles que encaram sempre, principalmente o posicionamento e os interesses alheios, com certo teor frieza, sem demonstrar nenhuma solidariedade com um possível sofrimento que venha a passar, numa sutileza comparável a de um elefante.

Há quem diga que não podemos por a emoção à frente de determinadas atitudes tomadas, e ainda mais, que, principalmente, no âmbito administrativo, que não somente envolve a vida profissional, como também, a pessoal e afetiva, deve-se prevalecer a razão, doa a quem doer.

Sei lá, amigos, mas custa-me a pensar assim; custa-me a acreditar que é a maneira correta e ponderada de conduzir nossas ações e tomar determinadas atitudes, principalmente quando redundam em sofrimentos de envolvidos.

Sabemos que quase todo um fim, toda quebra de relacionamento, de parceria, quando não acontece sob um consenso, ou seja, unilateralmente, sempre tem uma parte que sofre mais, que se sente mais prejudicada ou mesmo, rejeitada ou descartada. Ninguém gosta de ser preterido, mas precisamos ter bom senso e sabedoria para encarar essa possibilidade, com a certeza que pode ser anunciada de uma maneira não tão agradável, até mesmo, porque nem todos que se encarregam de dar esses tipos de notícias, detêm condições para isso.

Determinar um fim de um ciclo, mediante uma informação dada ou repassada, requer muito equilíbrio emocional, sabedoria, confiança, respeito e admiração, sobretudo, quando, do outro lado, existe um receptor que acredita que jamais existiria uma possibilidade de fim, ou até mesmo, falta de bom senso de reconhecer o que fez ou contribuiu para receber o “cartão azul”.

Independentemente se sabemos ou não receber a notícia que não queríamos ouvir, ou se não apresentamos condições emocionais para encará-las, cabe ao emissor da mensagem, àquele que foi dada a incumbência de anunciar o que não se desejava ter mais sutileza em fazê-la, pondo-se no lugar de quem vai receber, sem causar sofrimentos, ou pelo menos, minimizando-os, e bem longe de parecer um elefante. 

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