quinta-feira, 5 de junho de 2014

BRASIL: NAÇÃO DE PANGARÉS COM RÓTULO DE PURO-SANGUE




A educação brasileira, indiscutivelmente, é direcionada exclusivamente para a aquisição de conhecimentos específicos, visando uma formação profissional e o seu desempenho no mercado de trabalho.
O corpo discente brasileiro, não diferentemente das entidades qualificadoras e formadoras, apresenta-se ao longo de sua existência na conjuntura educacional brasileira, pouco interessada na aquisição e fornecimento de conhecimentos mais amplos, por achar que o desempenho da profissão ou formação adquirida, não necessita de mais nada além do que compõe o conteúdo curricular dos cursos.
Muitos estudantes são formados, nas mais diferentes escolas, universidades e faculdades. Adquirem seus certificados, tornam-se “doutores”, mas que na prática, comparando-se com estudantes e profissionais de outros países mais comprometidos com a educação, parecem analfabetos de pai e mãe.
Assistindo a um programa de TV, vi um pai, médico, dizer com um sorriso no rosto, que quando perguntado pelo filho o que seria um ditongo, não teve resposta para dá-lo. Como ele, muitos médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, administradores e até professores, nas mais diferentes áreas, estão no mesmo barco, ou seja, desconhecem informações básicas, de uma educação básica e necessária, por acharem que não mais importa e interessa.
Pode alguém até dizer que não importa mesmo; que ele se formou médico e não professor de língua portuguesa. Pode também dizer que esse tipo de conhecimento se perdeu com o tempo e ninguém é obrigado a saber de tudo.
Quem sou eu para discordar? Sou somente um humilde educador.
O exemplo do ditongo é somente um de vários outros tipos de conhecimentos, que são e foram desconsiderados, pelos estudantes e profissionais brasileiros, aos quais passam e passaram a acreditar que não importa mais.
Importa e muito. Quem não acredita que saber fazer um cálculo de cabeça, uma porcentagem rápida; ou produzir um pequeno texto, um aviso, um recado qualquer; ou até discutir assuntos diversos, sejam da época do ensino fundamental ou médio, quem sabe, adquiridos ao longo do tempo, empiricamente, são importantes e necessários para não parecermos despreparados para a vida e sofrermos quaisquer tipos de preconceito? Sem dúvida que é necessário possuir uma gama de conhecimentos, principalmente no mundo de hoje.
A verdade é que essa aceitação - de que só se precisa dos conhecimentos específicos e necessários para o ofício de formação - precisa ser bem mais esclarecida pelas instituições formadoras e qualificadoras, principalmente aquelas que visam o clientelismo. Cabe também, mesmo que pareça fugir do componente curricular dos cursos, aos educadores, postarem-se com elementos de conscientização em busca de um comprometimento maior com a educação. Não podemos continuar sendo uma nação de pangarés com rótulo de puro-sangue.

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