Quando
pequenino, ainda na minha infância, se tinha uma frase que detestava ouvir de
minha mãe era: Não vai para a rua brincar! Fique em casa, pois “Quem boa Ave
Maria faz em sua casa está em paz”.
Chorava,
esperneava, soluçava, mas nada adiantava. Minha mãe era irredutível nas suas decisões.
Acatava tudo, obediente, respeitando a sua decisão, suas ordens, diferentemente
dos filhos de hoje, coitados, que não sabem o que dizem, quiçá, as atitudes que
tomam. Acham que podem desafiar pais e mães, sem pensar que a colheita desses
frutos será inevitável.
Diversas
foram e ainda são as expressões usadas pelos pais, quando buscavam castrar
qualquer tentativa de “tomada de fôlego” pelos filhos. “Você ainda não criou
cabelo nas ventas” ou “Aqui que canta de galo sou eu”; ou também, “Ver se tira
a catinga do mijo, menino, antes de gritar aqui”; e até, “ Menino deve ficar
calado, porque calado, ainda está errado”.
São
tantas as frases e expressões usadas pelos mais antigos, que hoje ficaram na saudade,
somente na saudade, daqueles que não podem mais usar. Os filhos passaram a
gritar e determinar as frases e expressões do momento.
“Fica
na tua, coroa, que eu vou para onde eu quiser” ou “É melhor ficar calada,
senão...”; ou quem sabe, “Não sou mais menino, mãe, pare de perturbar”.
É
melhor parar por aqui, porque o repertório é extenso, revoltante e lamentável.
Na realidade, trata-se de uma regra e não mais uma exceção na educação de
crianças e jovens neste país.
Mas,
voltando à educação dada pela minha mãe, esta, não queria saber desse tipo de
devolutiva, não. Vindo a respondê-la, a “peia comia”, seguida da frase: “Engula
o choro!”.
Tudo
era encarado com naturalidade. O respeito prevalecia, mas remete a uma
pergunta: Não se educa mais filhos como antes ou não mais se encontram pais,
como nossos avós, bisavós e tataravós?
Gente,
na verdade, não se educa mais como antigamente.
Os pais não querem mais absorver essa
responsabilidade. Entregam os filhos ao mundo e deixa que ele por si só se
encarregue da sua educação, em vez de ser um mediador neste processo. Não
existe mais diálogo, cumplicidade e companheirismo. Tudo isso ficou no passado.
Só
sei amigos, que nunca me revoltei com meus pais, nem com a forma como me
educaram. Hoje credito a eles o homem que sou, e a minha gratidão é eterna. Sei
que se tivesse teimado, afrontado e feito tudo que achava correto, em vez de
ter ido para o fundo de minha rede, poderia não ser o cidadão que sou hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário