Uma
vez, acompanhando meu pai num barzinho onde tomava as suas cachacinhas, no
Conjunto Nova Assunção, na Barra do Ceará, onde nasci e me criei, aqui mesmo em
Fortaleza, interrompi a sua conversa com seus amigos, desmentindo-o perante
toda turma. Tinha cerca de oito anos de idade, e naquele momento, fui
repreendido com seu olhar fixo, um silencio nutrido de raiva e de vergonha,
envolto às gargalhadas de seus amigos. Mas o que me esperava depois?
Em
casa, chegando, levei uma tremenda pisa ou peia, como se diz no Ceará, para
criar vergonha e jamais voltar a envergonhar meu pai, perante aos seus amigos.
Isto, ouvi durante as lapadas de cinto, nas pernas e em outras partes do corpo.
Menino nunca deve se meter em conversa de adultos. É regra, ensinamento e
sabedoria que não mais se prega na educação dos filhos.
Hoje
tenho 40 anos e recordo não somente deste episódio, como de tantos outros que
resultaram em repreensões e aprendizados. Não porque era “maluvido”, mas,
certamente, em razão de ter feito parte de um processo educativo que não mais
se usa hoje em dia.
Hoje,
as crianças, em sua grande maioria, não sabe respeitar pai e mãe, quanto mais,
os mais velhos, tanto aqueles de seu convívio, quanto desconhecidos da sociedade.
Falam o que querem, sem meias palavras, envergonhando-os onde e com quem
estejam. Tornam-se jovens e adultos com a mesma postura, e até, mais apurada,
chegando até á prática de ofensas físicas, que se trata de um grande absurdo.
Ninguém
mais usa tratamentos como “senhor” e “senhora”. Tratam os mais velhos, como diz
a minha mãe, Dona Ivanilde, como um “pariceiro”. Êita mundinho transformado é
esse que vivemos, não é? E o pior, se um pai ou uma mãe pelo menos ameaçar
levantar a mão para um filho, mesmo que entenda ter razões para isso, logo
escuta: “Bate em mim, pra tu vê, como eu chamo o Ronda”. Quando não são eles
que ameaçam chamar, são vizinhos, alheios e solidários as suas causas.
O
fato é que educar filho nos dias de hoje está muito difícil, por diversas
influências, desde as eletrônicas, até as mundanas, e estas mesmas, de convívio
social. Os mais antigos passaram a ser caretas, ultrapassados e de hábitos e costumes
que não mais se usam. Escutam sempre: “Se toca, mãe... as coisas mudaram!”
Mudaram? Não temos dúvida alguma, mas certamente para
pior, infelizmente.
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