quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

METALINGUAGEM

No poema "Desencanto" de Manuel Bandeira (1886-1968) por meio da linguagem poética, o escritor utiliza-se da propriedade da metalinguagem, na medida em que escreve um poema sobre o conteúdo e as ideias referentes a própria poesia e seus versos.
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa...remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre.
(Manuel Bandeira)

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