Autor: Carlos Delano Rebouças
Não diferentemente dos anos anteriores, ao
longo da história do país, candidatos e partidos políticos partem em busca de
seus objetivos, direcionando todas as suas atenções à conquista de votos. E o
cidadão brasileiro, eleitor, é o alvo principal.
Dizem que propaganda política nunca se
deixa de fazer, ou seja, que partidos e políticos sempre estão em campanha, na
manutenção de suas imagens, fortalecendo-se junto aos seus eleitores, e em
busca de muito mais. Tudo isto acontece porque no Brasil a cada dois anos,
realiza-se um pleito, e diante disso, não podem cair no esquecimento da
sociedade, por hipótese alguma.
Na prática, muitos deles, principalmente os
legisladores, afastam-se das comunidades, das cidades e das regiões, e ficam
somente, seus assessores dando, mesmo que de forma reduzida, bem diferente dos
períodos de campanha, a atenção necessária. Passam a atender necessidades
básicas, aquelas que o cidadão acredita ser inerente ao político que ajudou a
eleger.
Contas de água, luz, emprego, condução,
passagens de ônibus, óculos, dentaduras, remédios, dentre outros, são os
pedidos mais comuns, e ninguém duvida que em parte, são atendidos. Os políticos
sabem que é assim que funciona a relação com o eleitor brasileiro. Enxergam que
com a força do dinheiro, um belo sorriso no rosto, um aperto de mão e um
abraço, conseguem a princípio conquistar sua confiança e depois o seu voto.
Compra de votos em qualquer parte do
Brasil, de acordo com a sua legislação, é tida como crime eleitoral.
Determinadas situações, principalmente aquelas confirmadas como “boca de urna”
redundam imediatamente em prisões. Não estamos aqui afirmando que isso acontece
de fato. Porém, alguém consegue desconhecer que uma camisa ou boné presenteado,
uma feijoada oferecida, um coquetel em uma reunião, uma oportunidade prometida
não são vistas como compra de votos? Estas são as lanças atiradas ao alvo
principal, maior, mais interessante, que é o eleitor.
Hoje, quando vemos candidatos fazendo
promessas absurdas, mirabolantes, obviamente, os mais conscientes quanto aos
seus direitos e deveres de cidadão, como também, esclarecidos culturalmente, logo
dão risadas, por entender o quanto acreditam ainda que o seu eleitorado é fácil
de ser enganado; Que por muito pouco, são ludibriados, ajudando-os na conquista
de seus objetivos.
Contudo, acredita-se que essa situação pode
mudar – que o eleitor se transforme num alvo não tão fácil – apesar de não existir
investimentos para isso. O povo se aliena cada vez mais, e até demonstra está
mais consciente politicamente, pela rebeldia, mas que na verdade, é um reflexo
típico de uma sociedade bem distante da compreensão do que é democracia.
Que um dia deixemos de ver tantos cidadãos
brasileiros, figurinhas carimbadas de tantas eleições, com bandeiras e
panfletos nos mais diferentes e movimentados cruzamentos do país, escravizados,
sob uma baixa remuneração, expostos ao sol, ratificando-se ano a ano, por
gerações, como vítimas de um sistema.