Por Carlos Delano Rebouças
Certas
coisas que acontecem nos dias de hoje são de impressionar qualquer pessoa que
tem sensatez e que causam indignação por perceber que vem se tornando uma
prática habitual e aceitável na sociedade de hoje.
Comemorar
mais um ano de vida faz parte de nossa cultura. Receber parentes e amigos e
dividir as alegrias de mais uma “primavera” conquistada, até mesmo que nos dias
de hoje, tão violentos e de criminalidade crescente, que não nos permitem fazer
qualquer projeção de dias futuros, trata-se de momentos singulares, únicos,
merecedores de comemoração.
Antes,
as famílias realizavam os aniversários nas dependências de suas casas, quintais
e até mesmo, na frente de casa, dividindo o espaço dos vizinhos. A famosa
panela de vatapá ou creme de galinha, arroz branco, salada, farofa, bebidas e
docinhos, e o bolo com a velinha, às vezes improvisada, configuravam o
tradicional cardápio dos aniversários. Festa de arromba para todo mundo sair,
como diz aqui no Ceará, de “bucho cheio”. Olha que tudo isso acontecia e ainda
acontece, mas com extrema raridade, independente de se levar ou não o presente.
O mais importante era a presença de todos.
Nos
dias de hoje, a importância não é mais a mesma. Muita coisa mudou e para ser um
convidado, precisa está com dinheiro no bolso. Muita gente busca comemorar seus
aniversários em restaurantes com as mais diversas desculpas, que não convencem
aqueles que têm um mínimo de sensatez.
Não
podemos negar que, ao contrário de promover uma comemoração nos moldes
tradicionais, em restaurantes não se tem trabalho de cuidar da arrumação,
limpeza e preparo de alimentos. Pega-se tudo pronto a um determinado preço.
Porém, muita gente vem transferindo esse ônus para os convidados, ou seja, faz
o convite e o convidado traz o presente e paga pelo seu consumo. Assim é muito
fácil comemorar aniversário, postar as fotos no Facebook e compartilhar as
alegrias.
Pode
até alguém, ao ler este texto, dizer: Que cara mesquinho! Que cara ultrapassado!
Que cara miserável! Mas minhas colocações não foram feitas para essas
conclusões. Foram, sim, para refletirmos sobre até que ponto caminhará a
insensatez das pessoas, principalmente aquelas que desejariam ter nascidas com
asas, para jamais por os pés no chão. Pessoas que se sentem poderosas e que
promovem esses tipos de eventos para posar de anfitriões, sem ao menos serem.
Não
sou antiquado. Acredito que se não se pode oferecer uma festa como um autêntico
anfitrião, que não faça. Se alguém vier com a afirmativa que faz ou fez sob a
pressão de amigos e familiares, aprenda a dizer um sonoro “não”, pois saiba que
não demora muito, muitas vezes, antes mesmo do término da festa, para os
críticos entrarem em ação a falar de tudo e de todos. Muitos daqueles que deram
um forte abraço no aniversariante e a falsa batidinha nas costas, seguido de
parabéns.
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