quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Adjetivando a Vida

Por Carlos Delano Rebouças

A vida é bela. Tema de filme, não é? Sim, inclusive vencedor de Oscar, ao retratar a forma como um pai espirituoso conseguiu lidar com os horrores de um campo de concentração, cuidando de seu filho, para que o mesmo não percebesse aquele universo de desumanidade.

Roberto Benigni foi maravilhoso na sua interpretação. Fantástico numa postura exemplar de um pai que protege o filho de forma sábia e inteligente, num esforço descomunal para adjetivar a vida, como o próprio título do filme apresenta: A Vida é bela.

Muitos não enxergam assim – que a vida não é tão bela quanto Benigni enxergou em seu personagem – pelo contrário, apresentam sempre motivos para ser adjetivada de forma negativa, ou pelo menos, vista com atributos que não estimulam tanto otimismo.

Guido Orefice, personagem principal do filme, teria todas as razões para se entregar à tristeza, levando consigo seu filho, não é? Preferiu esforçar-se como um verdadeiro ator revelado na figura de um pai, adjetivando a vida de forma positiva, sem mesmo ter motivos para isso, aliás, sim, e fortíssimos, ou alguém dúvida que o amor de um pai não significa um grande motivo?

Como o personagem de Roberto Benigni, no mundo, muitos, milhares..., que fazem de sua vida uma grande interpretação para o espetáculo da vida. Pais que fazem as lágrimas de um sofrimento não serem percebidas pelo sorriso de uma falsa felicidade, para fazer filhos felizes. Pais que mesmo sem está num cenário de guerra, têm na sua batalha diária da vida, dificuldades imensas de garantir o mínimo de alegria aos filhos. São os atores comuns da vida, que lutam na sua adjetivação, merecedores de estatuetas tão emblemáticas quanto a que Benigni recebeu.

A vida é bela mesmo, e precisamos sempre manter a visão romântica sobre ela. A subjetividade é normal, e os nossos olhos e nossa espiritualidade, ou até, nossas escolhas influenciam no nosso enxergar. Escolhas, por exemplo, de pessoas otimistas para convivermos, que nos ajudam a encontrar os adjetivos certos para tornar bela a vida que Deus nos deu. Enquanto há vida, há uma luz, e uma esperança de vislumbrar um novo dia.

O mundo precisa de mais pessoas como o personagem Guido Orefice, que de tudo fez para evitar que o filho enxergasse aquela realidade da vida, sem suas belezas, sem seus adjetivos positivos, mantendo-se otimista sempre, na certeza que tudo aquilo iria passar sem seu filho enxergar.

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