Por Carlos Delano Rebouças
O
“S” é esquecido no final, meu, lá para os paulistanos. Já o viste, “visse” para
os pernambucanos. Mas para nós, cearenses, tu viste, com o verbo na segunda
pessoa do singular, declina na terceira, “tu entendeu?” Contraria tudo que diz
as regras gramaticais, de um tradicionalismo que reluta em se modernizar.
Confuso, não é? Assim funciona a
Sociolinguística brasileira.
Pesquisando
em outros estados e regiões do país, encontramos mais particularidades de uma
Língua Portuguesa, abrasileirada, de arrancar risadas, espantosas, diante de
culturas intrínsecas numa cultura maior, que singularizam cada componente do
país, mostrando a verdadeira cara de um Brasil tão pluralizado. São os
regionalismos que engrandecem a cultura brasileira.
Assistindo
aos programas de TV – jornais, novelas, programas de entrevistas, dentre outros
– percebemos o quanto somos diferentes uns dos outros. Apresentamos
características que nos rotulam e que nos fazem ser reconhecidos por qualquer
um, em qualquer lugar, não somente pelos traços físicos, mas, sobretudo, pelas
expressões e o modo que as usamos, com o uso da fala no processo de
comunicação, que de imediato, identifica a nossa naturalidade.
Dizem
que o cearense canta ao falar. Sou suspeito para assegurar. O baiano, esse
arrasta um pouco mais. Para o paraense, os dígrafos têm mais consoantes e chia
parecido com o carioca. Já o gaúcho, o pronome “tu” tem mais presença nas
conjugações. E para o paulistano, “mano”, como já dissera, o mesmo é “mermo”
para ser usado.
Uma vez, em um dos eventos que participava
numa instituição onde trabalhei, onde reuniram colegas de várias partes do
país, tive a oportunidade de me certificar da contribuição sociolinguística de
um país tão rico nas suas variações. É muito bom saber que somos tão parecidos
e diferentes, que apresentamo-nos assim, naturalmente; e sem esforço algum,
contribuímos para as diversidades regionais, culturais de um país continental
como o nosso.
Pena
que para alguns, essas particularidades regionais de nossa língua, como
instrumento social e cultural, signifiquem um motivo para excluir pelo atributo
do preconceito, brasileiros, num total desrespeito às suas origens, sem a justa
valorização das riquezas da linguagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário