quarta-feira, 22 de julho de 2015

Em Defesa de um Profissional de RH

Por Carlos Delano Rebouças

Certa vez, fiquei extremamente orgulhoso com o departamento de desenvolvimento de uma empresa de transporte urbano, que esta, passou a dar oportunidade a profissionais motoristas do sexo feminino. Pena que com o tempo, frustrações foram geradas.

Várias mulheres tiveram oportunidades como nunca tiveram em um segmento profissional, até então, machista, que enxergava e fazia enxergar na mulher um ser despreparado para o exercício da função de motorista de ônibus. Entretanto, todas elas tinham uma voz de peso em suas defesas, a psicóloga responsável pelo RH da empresa.

Não demorou muito para perceber que o quadro feminino da função diminuía, e nenhuma outra era contratada como reposição. Aos poucos, reduziu-se a nada. Percebeu-se também que aquela voz defensora da coletividade feminina perdia força, calava-se, e até, escondia-se. Assim, perguntavam as meninas: “Cadê a doutora”?

A doutora sempre esteve lá, na empresa, como gestora de um setor inquestionavelmente importante. Porém, o que fez calar alguém que tanto defendeu a função poder ser exercida por mulheres, num universo ainda tão masculino, e visto, assim, também, pelos profissionais envolvidos e pelos clientes? Onde estava aquela força feminina que erguia a bandeira da mulher, quebrando uma cultura dentro do setor?

Várias foram e ainda são as respostas para tais indagações, que variam desde a compreensão de uma luta vencida pelo preconceito, até, a analisar até que ponto vale defender uma causa que pode levar a perder seu espaço, cair num descrédito que redunde numa perda de emprego.

Assim, acreditaram muitos, inclusive os homens profissionais do volante e nas demais funções. A “doutora” fez o que pode, resistiu e fez resistir até onde deu, mas entre ela e aquela dezena de mulheres, seu lado pesou mais. É dessa forma que funciona o imponderável.

Como aquela profissional, quantas outras existem no mercado. Quantas não conseguem desenvolver seu trabalho, como sonhavam fazer, diante de uma postura engessada, que não permite experimentos, mudanças e transformações? Como ela, muitas ao ler este artigo, dirão: “encontro-me nesta condição”.

Não sintam vergonha em aceitar esta condição. Entendemos perfeitamente. São os ossos do ofício. Entendam que o mais importante é pensar diferente, e este é o primeiro passo para pensar numa nova atitude, de contagiar a quem precisa ser contagiado. Imaginem, pelo enxergar do brasileiro, que vê em tudo sempre o seu lado bom, como deve ter ficado desapontada com tudo que aconteceu consigo e com suas colegas.


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