quarta-feira, 29 de julho de 2015

PRECISO VOLTAR AO MERCADO DE TRABALHO! GRITA UM TRABALHADOR


Por Carlos Delano Rebouças

Por que me puseram para fora? Por qual razão o desemprego bateu à minha porta? O que fiz para merecer isso? Será que vai demorar muito a aparecer uma oportunidade? Então, que surja logo, meu Deus!

Contas chegam sem parar. Água, luz, condomínio, cartões, impostos... São tantos, sem tê-los como honrar. E agora, não tenho mais unhas para roer, nem cabelos para arrancar de minha cabeça que não para de pensar numa saída.

Saída e a única coisa que busco neste momento. Palavra com hiato, acentuada, que significa uma escapatória. Assim define-se saída. O desemprego parece um hiato na nossa carreira, nas nossas pretensões. Parece muito mais longo do que imaginamos. Sentimos nas dificuldades que passamos e na angústia que sentimos que se trata de uma pausa nada agradável e salutar. Ou pode ser?

Passa-se uma semana, um mês, um bimestre, trimestre..., e o tempo passando. Meu Deus, seis meses sem trabalhar! Bate o desespero.

Crianças sem estudar, luz cortada, condomínio atrasado, prato vazio. É o fim! Olho para frente e não vejo luz. Uso o retrovisor da vida, e vejo um passado que acreditava ser fiel e leal com o meu presente e futuro. Olho para os lados, e amigos não tenho mais. Afastaram-se, e com eles, os apertos de mãos, abraços e batidinhas nas costas, fraternos.

E o que devo fazer? Chorar, desesperar, mendigar qualquer coisa que me garanta pelo menos o alimento de minha família? Devo esquecer que estudei e que sempre procurei ao longo de minha vida condicionar-me ao mercado de trabalho pelo estudo, pela educação, e que parece nada valer? Hoje, encontro-me assim-desmotivado com tudo acontece comigo e minha família – sobretudo, com um futuro incerto de um país que não procura valorizar a educação e os profissionais qualificados. Ora, sempre foi assim no Brasil, cara! A ficha ainda não caiu?

Preciso voltar ao mercado, urgentemente, não somente devido às minhas necessidades. Preciso muito mais para provar que ainda vale a pena estudar e valorizar a educação neste país. Também por acreditar que se não provar o seu valor, como minha volta ao mercado, e sobre minhas convicções sobre a educação, não teremos legado algum para deixar para as novas gerações, que infelizmente estão cada vez mais desacreditando dessa instituição, sem ao menos, dizer: Prazer em conhecê-la. 

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