Por Carlos Delano Rebouças
Por
que me puseram para fora? Por qual razão o desemprego bateu à minha porta? O
que fiz para merecer isso? Será que vai demorar muito a aparecer uma
oportunidade? Então, que surja logo, meu Deus!
Contas
chegam sem parar. Água, luz, condomínio, cartões, impostos... São tantos, sem
tê-los como honrar. E agora, não tenho mais unhas para roer, nem cabelos para
arrancar de minha cabeça que não para de pensar numa saída.
Saída
e a única coisa que busco neste momento. Palavra com hiato, acentuada, que
significa uma escapatória. Assim define-se saída. O desemprego parece um hiato
na nossa carreira, nas nossas pretensões. Parece muito mais longo do que
imaginamos. Sentimos nas dificuldades que passamos e na angústia que sentimos
que se trata de uma pausa nada agradável e salutar. Ou pode ser?
Passa-se
uma semana, um mês, um bimestre, trimestre..., e o tempo passando. Meu Deus,
seis meses sem trabalhar! Bate o desespero.
Crianças
sem estudar, luz cortada, condomínio atrasado, prato vazio. É o fim! Olho para
frente e não vejo luz. Uso o retrovisor da vida, e vejo um passado que
acreditava ser fiel e leal com o meu presente e futuro. Olho para os lados, e amigos
não tenho mais. Afastaram-se, e com eles, os apertos de mãos, abraços e
batidinhas nas costas, fraternos.
E
o que devo fazer? Chorar, desesperar, mendigar qualquer coisa que me garanta
pelo menos o alimento de minha família? Devo esquecer que estudei e que sempre procurei
ao longo de minha vida condicionar-me ao mercado de trabalho pelo estudo, pela
educação, e que parece nada valer? Hoje, encontro-me assim-desmotivado com tudo
acontece comigo e minha família – sobretudo, com um futuro incerto de um país
que não procura valorizar a educação e os profissionais qualificados. Ora,
sempre foi assim no Brasil, cara! A ficha ainda não caiu?
Preciso
voltar ao mercado, urgentemente, não somente devido às minhas necessidades.
Preciso muito mais para provar que ainda vale a pena estudar e valorizar a
educação neste país. Também por acreditar que se não provar o seu valor, como
minha volta ao mercado, e sobre minhas convicções sobre a educação, não teremos
legado algum para deixar para as novas gerações, que infelizmente estão cada
vez mais desacreditando dessa instituição, sem ao menos, dizer: Prazer em
conhecê-la.
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