Por Carlos Delano Rebouças
Vira
e mexe podemos ver, nos diversos meios de veiculação de vagas de emprego em
todo o Brasil, que cada vez mais existe uma cobrança maior sobre o perfil
requisitado para com o candidato e para a vaga em questão, que nem sempre, mais
comum na prática, faz valer tais exigências, como também, leva-nos a refletir
sobre o que de concreto o empregador colabora diretamente para o melhoramento
do perfil de seus colaboradores, enquanto contratados.
Vemos
por exemplo, em vagas de assistente administrativo ou estágio na área, a
prática de salários e bolsas relativamente baixas; sem tantos benefícios
inclusos; com carga horária distribuída em horários, incompatíveis para
realizar cursos e estudos que venham a agregar no currículo e no conhecimento
da função; além de um tratamento desconexo com as atividades, ou seja, sem
sincronia com a formação exigida, que possa levar o colaborador a exercitar os
conhecimentos adquiridos.
Assim
são muitos no Brasil – que exercem uma atividade profissional, encarando como
um emprego passageiro, pela necessidade – de olho no mercado, em busca de
oportunidades de crescimento, pelo reconhecimento do ofício.
Mas
qual a razão de muitos trabalhadores virem-se dessa forma no mercado, sendo mal
aproveitados, desvalorizados e injustiçados, estando inseridos ou em busca de
oportunidades?
Não
há outra resposta que não seja o despreparo dos empregadores e gestores em
geral. Desculpem-me se fui contundente numa ferida aberta.
Lembrei
uma vez, conversando com um ex-colega de empresa, técnico de segurança do
trabalho, formado há décadas e carente de reciclagem, que assim respondeu, ao
perguntar-lhe sobre as razões de não se reciclar: “Meu salário não permite e a
empresa já sinalizou que não paga curso algum para mim”.
Assim
como esse meu ex-colega, muitos se encontram na mesma situação, ou seja, sem
apoio algum da empresa para um preparo maior do profissional, mesmo os
conhecimentos adquiridos venham a servir automaticamente para a empresa. E estes,
ao saírem, sem dúvida alguma estarão disponíveis ao mercado, bem mais
preparados.
Mas
não é somente na formação técnica e científica dos colaboradores, nem mesmo,
dando-lhes condições para adquiri-las, que deveria resumir a responsabilidade do
empregador e seus gestores. Deve também, ao longo da relação estabelecida –
contratante e contratado – demonstrar uma preocupação com a preparação do
profissional/cidadão, sobretudo, sobre o desenvolvimento de uma postura fincada
na valorização da educação, perfil profissional, e diferenciais competitivos,
que tornam essa relação bem mais saudável e edificante, elevando o nível das
partes, levando a ter-se uma consciência bilateral de qualidade.
Pena
que na prática não funciona assim; que nossos gestores, na sua maioria,
apresentam-se despreparados, alheios ao preparo de seus funcionários, numa pura
demonstração equivocada de gestão. Passam a acharem-se competentes, somente,
quando buscam profissionais no mercado, como peça de reposição. Aí, mostra toda
a sua exigência, sem ao menos, refletir sobre a contribuição que dá a esse
mesmo mercado, na clara adoção da postura de “faça o que digo, mas não faça o
que eu faço”.
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