quarta-feira, 5 de abril de 2017

POEMA DE FLORBELA ESPANCA

Nesse poema que o leitor aprecia, fica evidente que a autora, Florbela Espanca, demonstra toda a sua capacidade de autodefinação. Mostra em meio à melancolia que lhe era peculiar toda a sua poesia, única e verdadeira.



Eu …
Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada … a dolorida …
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

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