por Carlos Delano Rebouças
Em um show
de humor o qual assisti, vi um dos comediantes contando uma piada sobre as
diferenças culturais entre o povo brasileiro, em especial o cearense, e os
estadunidenses.
Nessa piada,
contava que um americano, enquanto manobrava seu carro num estacionamento, teve
a espontânea ajuda de dois cidadãos, compatriotas, para que não batesse seu
carro, pois se tratava de uma manobra complicada. Fez uma comparação com o povo
brasileiro, mais precisamente o cearense, que, caso sendo aqui, não contaria
com a ajuda de ninguém, aliás, contaria sim, mas com a torcida para bater seu
carro e levar aquela vaia típica do nosso povo.
A forma como
descrevi a piada, obviamente não arrancou risadas, até mesmo por não está
contextualizada, nem mesmo contando com outras formas de expressão para seu
enriquecimento, mas, posso assegurar que seus expectadores riram muito da
piada, que, diante de uma análise profunda, remete-nos a uma reflexão sobre
nossos comportamentos, costumes e cultura.
O intuito da
piada não era o de nos comparar com o americano, mas sim, de se apropriar da
situação para externar nossa peculiar maneira de nos comunicar, expressões e
costumes. Contudo, povo brasileiro é assim mesmo - faz piada de tudo e com
tudo, e ainda consegue com momentos delicados, arrancar risadas – e difere-se
dos demais povos do mundo pela sua extroversão. Somos sem dúvida um povo
alegre, mas será que essa nossa alegria, as piadas que fazemos são suficientes
para engrandecer a nossa imagem perante o mundo?
O enredo
dessa piada significa uma triste realidade do povo brasileiro, nem de nós,
cearenses, mas, caso sirva de consolo, podemos assegurar que ainda podemos nos
considerar como muito prestativos e hospitaleiros. É na realidade a postura
reprovável de pessoas imprestáveis, insensíveis, invejosas e egoístas. Pessoas
com estas características podem ser encontradas em todos os povos, raças e
regiões deste planeta.
Mas,
infelizmente, ainda iremos acreditar por muito tempo que somos um povo
inferiorizado quanto à educação e cultura. Independentemente do lado em que
estivermos sempre vamos enxergar e permitir nos enxergar capazes de promover
cenas como a citada na piada do humorista. Rimos de nós mesmos, e achamos que é
a melhor maneira de driblar a realidade, mesmo que represente uma dura
realidade do povo brasileiro.
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