sexta-feira, 5 de maio de 2017

DIFERENÇAS QUE VÃO ALÉM DOS POVOS

por Carlos Delano Rebouças

Em um show de humor o qual assisti, vi um dos comediantes contando uma piada sobre as diferenças culturais entre o povo brasileiro, em especial o cearense, e os estadunidenses.

Nessa piada, contava que um americano, enquanto manobrava seu carro num estacionamento, teve a espontânea ajuda de dois cidadãos, compatriotas, para que não batesse seu carro, pois se tratava de uma manobra complicada. Fez uma comparação com o povo brasileiro, mais precisamente o cearense, que, caso sendo aqui, não contaria com a ajuda de ninguém, aliás, contaria sim, mas com a torcida para bater seu carro e levar aquela vaia típica do nosso povo.

A forma como descrevi a piada, obviamente não arrancou risadas, até mesmo por não está contextualizada, nem mesmo contando com outras formas de expressão para seu enriquecimento, mas, posso assegurar que seus expectadores riram muito da piada, que, diante de uma análise profunda, remete-nos a uma reflexão sobre nossos comportamentos, costumes e cultura.

O intuito da piada não era o de nos comparar com o americano, mas sim, de se apropriar da situação para externar nossa peculiar maneira de nos comunicar, expressões e costumes. Contudo, povo brasileiro é assim mesmo - faz piada de tudo e com tudo, e ainda consegue com momentos delicados, arrancar risadas – e difere-se dos demais povos do mundo pela sua extroversão. Somos sem dúvida um povo alegre, mas será que essa nossa alegria, as piadas que fazemos são suficientes para engrandecer a nossa imagem perante o mundo?

O enredo dessa piada significa uma triste realidade do povo brasileiro, nem de nós, cearenses, mas, caso sirva de consolo, podemos assegurar que ainda podemos nos considerar como muito prestativos e hospitaleiros. É na realidade a postura reprovável de pessoas imprestáveis, insensíveis, invejosas e egoístas. Pessoas com estas características podem ser encontradas em todos os povos, raças e regiões deste planeta.

Mas, infelizmente, ainda iremos acreditar por muito tempo que somos um povo inferiorizado quanto à educação e cultura. Independentemente do lado em que estivermos sempre vamos enxergar e permitir nos enxergar capazes de promover cenas como a citada na piada do humorista. Rimos de nós mesmos, e achamos que é a melhor maneira de driblar a realidade, mesmo que represente uma dura realidade do povo brasileiro.



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