segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

CHUVAS DE ALEGRIA

por Carlos Delano Rebouças

Hoje acordei e vi o meu céu de fortaleza, que há muito tempo azulado e de pouquíssimas nuvens brancas de um brilho sem igual, escuro e de nuvens carregadas. Juro que ainda sonolento não acreditava no que via.

Esfreguei meus olhos de remela uma ou duas e, entre algumas piscadas, três ou quatro vezes, querendo ter a certeza de que aquilo que via não era uma miragem. Tratava-se de uma verdade.

Mas como se alegrar com um simples tempo nublado, situação tão normal em tantas outras regiões do País e do mundo? Por qual razão buscar na limpeza inconsistente dos olhos algo que nossa esperança já parece cansada de esperar?

É querer acreditar que isso se torna rotina – que venham logo para a minha terra nuvens carregadas de chuvas para derramar na terra árida e seca de desilusões a alegria de um nordestino que sofre com a escassez de água; que nossos reservatórios venham a se banhar com as primeiras águas – para minimizar todo um sofrimento que toma conta de toda uma região.

Que não somente possa ver nuvens carregadas ao amanhecer, mas que veja chuva nas proporções que Deus queira nos enviar. O nordeste precisa de água. Nossos sertanejos precisam cuidar de suas lavouras, de suas criações.

Que o rosto de uma gente sofrida não seja lavado com lágrimas de sofrimento, mas com chuvas de alegria.



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