Autor: Carlos Delano
Rebouças
Constantemente vou visitar meus pais,
desde quando me casei, ainda jovem, e sempre aproveito para rever meus amigos
de bairro, quando podemos relembrar muitas experiências vividas, por aqueles
amigos de infância e adolescência, que sempre nos arrancam muitas risadas, nas
diversas conversas de beira de calçada.
Érico Vinícius, ou simplesmente,
Cabeça é um deles, e sempre foi um dos mais alegres, extrovertidos e
carismáticos da turma. Onde estar, a alegria é constante, e sempre nos permite
exercitar muito a terapia do riso. Graças a Deus.
Numa certa vez, quando todos nós estávamos
no sempre ponto de encontro – na pracinha da Av. L, no Conjunto Nova Assunção –
Cabeça chegou com um saquinho de din-din, como é conhecido aqui no Ceará, o
sorvete feito e embalado em saquinhos compridos, com um nó para fechar, e que
no Rio de Janeiro, por exemplo, é chamado de sacolé. Pois é, para espanto de
todos, em vez de ser um sorvete de frutas, Érico pôs cachaça dentro, e esperou
por quase a noite inteira, em vão, que endurecesse, como um gelo, a fim de
degustá-lo como um sorvete de verdade. Não sabia que quimicamente não seria
viável.
Brincamos demais com a cara de Érico,
e esse episódio virou a piada do dia, da semana, do mês, e se duvidar, do ano,
e que até mesmo é lembrada até hoje, depois de tantos anos. Certamente o nosso
amigo faltou à aula de química que tratou do assunto. Coitado!
Apesar das risadas, também dadas pelo
‘Cabeça’, percebi que ficou frustrado em não concretizar seu objetivo. Érico
não que se tratava de um alcoólatra, viciado, que já tivesse chegado a este
ponto, e sim, com o único desejo de fazer piada, fazer seus amigos rirem um
pouco mais de uma inédita situação, incomum, porém, muito comum, entre os
jovens brasileiros, que é o consumo de bebidas alcoólicas.
O jovem brasileiro tem de fato
acesso, sim, a todas as drogas, lícitas ou não, e não éramos diferentes, mas
restringíamos às licitas, que era o álcool.
Nossos pais podem ter sidos relapsos,
irresponsáveis, coniventes, como também, conscientes, que sabíamos conduzir
nossas ações pelas nossas atitudes. Porém nem sempre é assim. Muitos jovens se
perdem neste caminho, como alguns do nosso grupo, e que hoje estão entregue ao
vício e a uma vida desestabilizada.
Essa experiência de Érico, o nosso
‘Cabeça’ certamente foi hilária, marcante em nossas vidas, e que ainda hoje nos
arranca risadas, com a sua lembrança. Novas experiências, fizemos em nossas
vidas, bem mais proveitosas e salutares, pelas quais nos permitiram tirar
relevantes conclusões. O din-din de cachaça de Érico pode ter sido um fracasso
como um sorvete, naquele dado momento, todavia, o resultado dessa experiência
representa o sucesso de muitos de nós, hoje, como sabedoria de vida.
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