Por
Carlos Delano Rebouças
Um dia, passando na rua, caminhando,
vi num lixo, montado sobre a ignorância dos brasileiros, um teclado de
computador.
Para quem já viu animais mortos,
sofás, e até carcaças pesadas e gigantescas de televisores antigos, um teclado
parece insignificante, se não tivesse chamado a minha atenção pelos detalhes
percebidos.
Faltavam algumas teclas. Cheguei
pertinho e vi as ausências das letras ‘A’, ‘C’, ‘I’, ‘D’, ‘U’ e ‘O’. Também os
sinais de ‘ponto final’ e ‘vírgula’, além dos números ‘1’ e ‘0’. Pareceu-me que
seu ex-dono o descartou de qualquer jeito por estas razões, quando não viu a
possibilidade de consertar. Um teclado é tão baratinho, não é? Para que quebrar
a cabeça consertando algo tão descartável, quanto de baixo custo?
Segui meu caminho com aquela imagem e
recordação precisa das teclas ausentes. Refleti sobre a combinação que poderia
gerar, formando palavras, frases, e mensagens edificantes, que serviriam, no
mínimo, para criticar a atitude de alguém que o jogou no lixo,
desordenadamente, sem preocupação alguma com o meio ambiente.
Não é que facilmente juntei as letras
e formei a palavra ‘cuidado’. O que de fato, faltou ao seu antigo dono. Já
número ‘0’, possivelmente é a nota dada pela sua atitude, que se não fosse
essa, antecedida com o número ‘1’, seria um dez.
Aí, alguém pergunta: E quanto aos
sinais de ‘ponto final’ e ‘vírgula’, onde eles entram nesta análise?
Infelizmente o ‘ponto final’
repete-se por três vezes, funcionando como reticências, nas diversas atitudes,
repetidas, ou quem sabe, de teclas tão batidas, até quebrar-se, que faz a pausa
da ‘vírgula’ ficar fora desse contexto, pois em momento algum, a tecla de
‘pausa’ do teclado, foi utilizada. Pena que esta história não tem ponto final.
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